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9 de janeiro de 2021

TUDO SEMPRE PARECE MAIS CLARO QUANDO SOMOS RACIONAIS


 

Os negros pobres são sempre tratados com injustiça e palavras ásperas!

Todo mundo sabe que “a palavra tem poder”. A palavra pode machucar, pode incentivar. Já tem um tempo que comecei a prestar atenção na escolha das palavras. Muita gente tem levantado questionamentos sobre isso, especialmente dentro da mídia.

Um adolescente negro é preso por suspeita de estar com drogas, e antes mesmo que se finalizem as investigações, a chamada diz “Traficante preso”. Um jovem branco, quase sempre de classe alta, é preso com quilos e quilos de drogas em seu veículo, e a chamada diz “Universitário é investigado por suspeita”.

Por algum tempo me

questionei sobre o quanto os jornalistas, redatores, e seja lá quem estivesse por trás de tantas manchetes, teriam consciência na escolha das palavras. Seria apenas consequência do racismo estrutural? Ou algo pensado e intencionado?

O interesse político por trás dessas manobras do idioma fica claro quando analisamos as manchetes de manifestações. Quando pessoas foram às ruas, pedindo o direito de suas próprias vidas, no movimento mundialmente conhecido “Vidas Negras Importam”, foram escolhidas palavras como tumultuantes, baderneiros, vândalos.

Até mesmo a palavra “militantes”, utilizada à décadas para denominar aquele que defende ativamente uma causa, foi cuidadosamente associada a movimentos comunistas, socialistas, incentivando extremistas de direita a associarem a palavra negativamente.

Ao assistir as imagens do Capitólio sendo invadido me vieram à mente dezenas de filmes hollywoodianos. O roteiro é previsível – uma ameaça terrorista estrangeira, um policial com passado traumático que se vê preso dentro da Casa Branca e é responsável por salvar a nação.

Dez pontos para cada cena da bandeira americana caindo em câmera lenta, trêmula, em meio à fumaça causada pelo caos da invasão. Talvez (e esse é um talvez um tanto irônico) esse Estados Unidos promovido em tantos filmes de ação e suspense se mostrasse, com seu poder de fogo e organizada segurança nacional, caso a invasão fosse negra ou estrangeira.

As manchetes diriam que terroristas ameaçaram a democracia. Mas as manchetes dizem “manifestantes”. Eles quebraram, invadiram, destruíram, ameaçaram e enfrentaram aquela que sempre se colocou como a força policial mais potente do mundo.

Por muito menos, na verdade, por absolutamente nenhum motivo que não fosse preconceito, negros norte americanos perderam suas vidas. Quando o terrorismo é praticado por homens brancos de extrema direita, que ameaçam a democracia abertamente, sem medo, muito pelo contrário, bradando um orgulho abismal de sua violência (nesse caso assustador), a força policial escolhe o diálogo, afinal, são apenas manifestantes.

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