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28 de agosto de 2019

DO QUARTETO QUE SÓ EU VIVO

Marino e Marcão (infelizmente não encontrei foto de Uaimari),
foram grandes e bons amigos, que hoje estão no plano celestial
A vida já não é a mesma após a morte de um amigo. O luto que devemos enfrentar requer um minucioso processo de reconstrução, esmagador e doloroso. Isso se deve ao fato de que muitas vezes esse amigo de alma é a única pessoa com quem nos abríamos emocionalmente e com quem a realidade era muito mais intensa, enriquecedora e completa. Cada perda que somos obrigados a enfrentar ao longo da vida é única e excepcional. Sabemos, por exemplo, que nossos pais nos deixarão algum dia e que esse vazio será desolador, mas quase ninguém está preparado para isso e ainda menos para assumir que a fatalidade, o lado obscuro do destino, pode levar um amigo ou uma amiga com quem podemos traduzir em palavras as ideias mais tolas de nossas mentes. Sabemos que não somos mais do que breves passageiros nesse mundo caprichoso, maravilhoso e, por vezes, terrivelmente cruel. Tudo o que tínhamos como certeza pode vir abaixo como um castelo de cartas de um dia para o outro. Às vezes é um acidente, e em outras ocasiões uma doença terminal que nos obriga a ver como a nossa pessoa querida se apaga aos poucos numa dura batalha. Ter que dar  adeus a um amigo ou a uma amiga é algo que não se ensina. É como perder a metade de si e ficar órfão. Vamos tateando no escuro sabendo que não haverá mais ligações, jantares, escapadas, cafés depois do trabalho, livros para compartilhar, filmes para comentar e problemas para desabafar entre risos e lágrimas. Eu e mais três amigos éramos habituados a nos encontrarmos e conversarmos quase diariamente. E os assuntos eram inúmeros. Falávamos muito sobre política, governo, vida e morte. Entre os mais ideólogos estava o odontólogo Uaimari Bastos e ninguém era mais petista sisudo que ele em Itabuna. Todavia, infelizmente a morte veio e levou Uaimari. Mas o grupo ainda assim não perdeu sua parte sarcástica e brincalhona, pois o empresário Marino Alves de Moura estava sempre promovendo suas pilhérias e sem entender o quanto eu e Marcão do PT convivíamos harmoniosamente com nossas adversidades ideológicas, políticas e partidária. Mas novamente a morte veio e dessa vez, levou consigo Marino Moura e nosso quarteto se reduziu a uma dupla. Mas Marcão não estava mais residindo em Itabuna e este fato nos separou. Mas veio a notícia do seu falecimento em Salvador e assim estou vivendo como o único sobrevivente do quarteto que estava sempre debatendo sobre as particularidades de Itabuna. Com este relato, quero expressar meus mais profundos e tristes pêsames aos familiares e amigos de Uaimari, Marino e Marcão e ressaltar que eles voltaram aos céus, mas deixaram suas boas lembranças de personalidades humanistas, solícitas, divertidas e inesquecíveis. 

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