A imprensa que noticia tragédias, é a mesma que delas é vítima |
O início de 2019 no Brasil têm
sido marcadas por eventos tristes e trágicos, que geraram comoção até mesmo
fora do País. No dia 25 de janeiro, o rompimento de uma barragem de rejeitos da
Vale deixou mais de 330 mortos, dos quais 164 corpos foram encontrados até
agora. Na última quinta-feira, as chuvas causaram grande estrago no Rio de
Janeiro e deixaram seis mortos. Na madrugada da sexta-feira, o País foi
acordado com a notícia de que um incêndio no centro de treinamento do Flamengo,
também no Rio, causou a morte de dez garotos, entre 14 e 16 anos, das
categorias de base do clube. E ontem morreu, em São Paulo, o jornalista Ricardo
Boechat. Ele estava num helicóptero que tentou pousar, no fim da manhã, numa
rodovia. O piloto Ronaldo Quatrucci também morreu no acidente. Nos três primeiros
casos, uma coisa em comum: as mortes poderiam ter sido evitadas, por isso não
se pode falar em fatalidade. Constata-se, mais uma vez, que o País tem grande
dificuldade de prevenir desastres de grande proporção. A falta de prevenção e
de planejamento adequado está presente nas mais diversas situações da vida
nacional, das grandes obras aos serviços básicos ofertados à população. Geralmente,
após eventos desse tipo, aparecem propostas para mudar ou tornar mais rigorosas
as leis, CPIs no Congresso para investigar responsabilidades e outras
iniciativas. Entretanto, passada a comoção, a vida volta ao normal e nada de
concreto é feito. Não se pode chamar de desastre natural as mortes causadas por
tempestades, inundações e outros eventos, pois, se não é possível evitá-las, é
plenamente possível se prevenir, por meio de obras de saneamento, contenção de
encostas, dragagem, limpeza de vias e canais, além de um eficiente sistema de
alerta. No caso da tragédia do Ninho do Urubu, sabe-se agora que o centro de
treinamento estava funcionado sem alvará e já havia sido alvo de ação do
Ministério Público do Rio de Janeiro pelas más condições oferecidas aos atletas
de base. É preciso que haja ações mais efetivas do Ministério Público e do
Judiciário para evitar novas tragédias causadas pela irresponsabilidade tanto
do setor público quanto do privado. O Brasil tem que aprender a prevenir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.