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| Ou o povo acaba com políticos ruins, ou eles acabarão com o povo |
Não se pode dizer que foi
intencional, mas normas criadas no Brasil ajudaram a aumentar a corrupção.
Medidas que livram políticos e agentes públicos da cadeia. A quase totalidade
deles tem foro privilegiado. Por isso, se roubam, seriam julgados em lugares
especiais, não em juiz de primeira instância. Alegava-se, quando se fez a lei
de incentivo à corrupção, que os juízes comuns poderiam ser influenciados pelo
lugar em que vivia e acabaria condenando um "inocente". No caso de
deputados federais e senadores somente o STF poderia julgá-los. O STF não tem
aparato para investigar crimes e tem ainda tantos outros casos e ações para
resolver. A FGV mostrou que número ínfimo daquele tipo de processo é concluído
naquela corte. Quer mais? Um parlamentar só pode ser preso em flagrante delito
e se o crime não for afiançável. Se não for assim, a lei autoriza o Congresso
ou as Assembleias Legislativas a soltarem o parlamentar. É ou não um incentivo
para a rapina aos cofres públicos? Será que existe isso em algum lugar do
mundo? Mais ainda. Se um grupo ganha uma eleição entra o patrimonialismo ou a
suposta licença dada pelo eleitor para se nomear gentes para cargos públicos
para fazer estripulias em nome de quem o nomeou ou do partido que o mantém ali.
Confunde-se o público com o privado como se fosse normal. Veja o que aconteceu
nas diretorias da Petrobras. Mas se têm, no momento, indícios de pequenas
mudanças. O foro privilegiado já não é tão privilegiado assim. Certos tipos de
ladroagens, mesmo com certas imunidades, podem ser julgadas em instâncias
menores e não somente nas especiais. Já se pode também levar alguém à cadeia se
condenado em segunda instância, se não mudarem outra vez esse entendimento. A
delação premiada foi outro achado. Tudo que está acontecendo, aqui e fora, foi
por causa dessa invenção. A exposição do corrupto pela mídia é outro ato positivo
do momento nacional. A corrupção pode até diminuir um pouco por causa disso.
Políticos e empreiteiros de obras públicas estão sofrendo pressão dos
familiares com receio de serem expostos à opinião pública. É um massacre o que
se faz nas escolas com filhos e netos daqueles mostrados pela mídia. Corruptos
e corruptores falam ao telefone com a maior naturalidade. A máfia nos EUA,
desde a década de 1940 quando o FBI começou a gravar telefonemas, não se abre
tanto. Na Bahia e no Brasil ninguém está nem aí. A corrupção não vai acabar,
vão sofisticar os métodos. Os órgãos de controle e repressão têm que se
preparar para esse novo momento.

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