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Rayluciene e Clébia Lisboa são vítimas do feminicídio impune em Itabuna |
O mundo tem passado por mudanças
significativas nas relações entre os gêneros. As mulheres ao redor do mundo têm
se levantado por igualdade no mundo do trabalho, pelo fim do assédio e contra a
violência machista e de gênero. Esse levante feminista torna-se visível com os
movimentos das atrizes de Hollywood, ao denunciarem diversos casos de assédio e
violência que há décadas aconteciam sob a vista grossa de todas as grandes
produtoras, dos agentes e empresários do ramo e até mesmo da mídia corporativa.
A visibilidade dada pela ação de mulheres que, em certa medida, estão em
condição de privilégio, é muito importante. Contudo, é necessário entender que
essa movimentação decorre de um contexto em que as lutas se aprofundam em todos
os lugares. É importante valorizar cada conquista, sem esquecer os desafios
enormes colocados. A criminalização do feminicídio no Brasil é uma conquista
importante à medida em que tipifica os assassinatos por motivação de repulsa,
desprezo ou ódio contra as mulheres. Os números são gritantes: mais de 4 mil
homicídios dolosos contra mulheres em 2017, sendo 946 tipificados como
femicídios. Esses dados demonstram que as vitórias conquistadas até agora ainda
não são suficientes para garantir uma vida à emancipação feminina. O primeiro
assassinato registrado no dia 04 de março em Itabuna foi contra uma mulher. O
crime aconteceu na Rua Travessa Central, baixa fria, no bairro Maria Pinheiro e
a vítima, Sandra Silva Santos, tinha 42 anos. O principal suspeito de cometer o
crime é o seu marido, identificado como Anailton Marques da Silva, de 32 anos.
Ele estava preso no Conjunto Penal de Itabuna desde outubro do ano passado
acusado de agredir a esposa, e saiu da cadeia no dia 1 de março. Ainda de
acordo com informações, a própria vítima foi responsável pela soltura do
criminoso. Não é possível que qualquer homem ainda acredite que exista
justificativa de tirar a vida de uma mulher pelo fato de ela ser mulher. É
preciso mudar a cultura hegemônica da sociedade que deseduca homens, transformando-os
em potenciais assassinos, legitimados por uma sociedade estruturalmente
machista. Não nos permitiremos perder outras “Sandras, Rayluciene e Clébias”
para o machismo e ódio contra as mulheres. Mudanças mais profundas precisam
acontecer rapidamente. É fundamental que numa sociedade com tanta violência, a
educação seja um instrumento de mudança. Os debates sobre gênero precisam estar
presentes na escola como ferramenta para nos livrar definitivamente da
violência e opressão de gênero.
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