Eliana
Calmon diz que a Operação Lava Jato não vai,
efetivamente,
investigar magistrados no país!
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A ministra
aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, foi a
responsável pela Conferência Magna na XVI Conferência Estadual da Advocacia
Mineira, na semana passada. A ministra participou da solenidade de abertura do
evento, que celebrou o Dia Internacional da Mulher. Um dos assuntos destacados
pela magistrada foi o excesso de processos na Justiça. "O maior demandante
e que comete tudo isso é exatamente o Poder Público: sabendo que não pode
recorrer, mas recorre; sabendo que precisa pagar, mas não paga, embarga; desta
forma a Justiça fica assoberbada de processos", disse no evento. A
ex-ministra ainda apresentou um panorama sobre as desigualdades que impedem que
as mulheres no Brasil tenham acesso a direitos básicos em várias partes do país
e pediu transparência e ética nas relações humanas. Questionada por jornalistas
se a Operação Lava Jato vai, efetivamente, investigar magistrados, Eliana
Calmon lamentou. "A Lava Jato é efetiva. Acho que não vai chegar no Poder
Judiciário. Já estive conversando com integrantes da força-tarefa e o que eles
dizem é o seguinte: os próprios advogados dos colaboradores não querem que os
seus clientes falem sobre os juízes. [Se uma denúncia for registrada] os juízes
ficam e o advogado se inutiliza, porque o juiz nunca mais perdoa. Então, o
advogado não quer que haja denúncia. Sem a denúncia, fica muito difícil. É
muito difícil punir juiz. Não é fácil", relatou. "Eu era magistrada
de carreira, era uma ministra e estava na Corregedoria. Mesmo assim, sofria
horrores. Para fazer uma investigação financeira de desembargador, quase fui
crucificada. Fazia a inspeção. 'Cadê o imposto de renda?' e respondiam 'Ah,
aqui a gente não entrega não'. Mas tem que entregar! Dava 48 horas para
entregar o imposto de renda. Pegava o auditor da Receita que acompanhava a
inspeção e ele puxava num instante. 'Patrimônio é descoberto. O que ganha não
dá para ter esse patrimônio'. Dava 10 dias para explicar. Não explicavam. Ora,
o que não se explica no patrimônio, vem da onde? Caiu do céu? Vamos investigar!
Sabe o que os meus colegas do CNJ diziam? 'É inconstitucional investigar juiz'.
Então...", finalizou. Primeira mulher a ocupar uma cadeira no STJ, Eliana
Calmon se destacou pela sua atuação firme e pela alta produção, tendo superado
cem mil processos julgados, entre decisões monocráticas e levadas a sessão de
julgamento. Por Henrique Brinco.
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