A comissão especial que discute a reforma política na Câmara
dos Deputados tem avançado nas discussões das mudanças que devem
ser implementadas já no próximo processo eleitoral em 2018. O
presidente do colegiado, deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB),
acredita que a tese sobre o voto em lista foi superada e está
praticamente descartada à luz dos novos fatos da Lava Jato. “O que
era dito pela imprensa sobre o voto em lista que esconderia as
pessoas implicadas e tal caiu. Entendem os deputados que isso não
seria bom para os partidos porque todos, ou praticamente, todos estão
citados. A lista do PT, por exemplo, vai relavar o carimbo de Lula,
Dilma e Dirceu. Outros partidos a mesma coisa”, acredita o
parlamentar. Este é um dos entraves que fez crescer a possibilidade
do “distritão” voltar à cena. A Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) para altera este sistema já está circulando na
Câmara e a adesão tem crescido. Nela, se aprovada a tempo, a
eleição para deputados federais, estaduais e vereadores torna-se
semelhante à majoritária. Quem tiver mais voto entra. Acaba com o
quociente eleitoral, as coligações perdem força e os ditos
puxadores de votos tornam-se 'ativos' apenas para suas respectivas
candidaturas. A estratégia de composição de chapa proporcional
também muda significativamente. É comum a negociação com
candidatos com potencial de votação menor, mas que quando somados
os cinco mil, seis mil votos completam o quociente “ajudando” a
eleger outro nome. No caso do 'distritão', estes candidatos 'úteis'
perdem o sentido e devem ser cooptados para candidaturas com mais
musculatura de modo a conseguir transferir voto. Isso não é simples
ou fácil. Se o 'distritão' estivesse em vigor em 2014, o cenário
na Câmara dos Deputados só seria alterado em um caso para os
baianos. Uldurico Júnior (PV) teve 39.904 votos. Ele não seria
eleito. Em sua cadeira sentaria Fernando Torres (PSD), que teve pouco
mais de 66 mil votos. Jána Assembleia Legislativa, a dança das
cadeiras afetaria cinco mandatos. Fabíola Mansur (22.317), Bobo
(27.242), Zó (33.973), Jânio Natal (35.421) e Marcell Moraes
(35.771) não teriam sido eleitos. Em seus lugares, entrariam Herzem
Gusmão (40.876), Bira Coroa (39.083), Mirela (37.010), Temoteo
(36.990) e Elinaldo (36.278). Estes números, embora tenham sido
apurados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), servem apenas
para efeito de comparação, já que a estratégia eleitoral seria
diferente em caso de sistema distritão. Para ter validade na próxima
eleição, a PEC deve ser aprovada nas duas Casas até outubro. Na
Câmara, há uma possibilidade grande de apreciação acontecer no
primeiro semestre, no entanto, os deputados acreditam que haverá
dificuldade de tramitação no Senado.
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