Cuma culpa médicos por suas mazelas |
Tenho constantemente
apresentado pedido no rádio, por melhorias no Sistema Único de Saúde, como mais
medicamentos para a população, carreira de estado para médicos para suprir as localidades mais afastadas, como Mutuns e Itamaracá, maior agilidade na conclusão de obras dos hospitais e
Postos Médicos, que completam décadas e não são entregues, ou funcionam
precariamente, além de reafirmar o meu protesto contra a violência que acaba
vitimando todos servidores da saúde e pacientes. Sentindo-se cobrado pela falta
de condições e de segurança para o bom e eficiente desempenho do trabalho
médico, o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes (DEM), entendeu por bem apelar
para o discurso fácil do “descompromisso” dos médicos e da prática do ganhar
mais sem trabalhar o suficiente, atribuindo a esse “atendimento” as agressões,
furtos, assaltos à mão armada, suportados por todos os servidores que atuam nas
diversas unidades de saúde da maior cidade sulbaiana. Certamente por ser leigo,
ou completamente acéfalo, o prefeito desconhece o quadro caótico em que a
Medicina é praticada em Itabuna, desprovido de meios e recursos que permitam à
população ter água tratada, coleta de lixo, esgotamento sanitário, alimentação
condigna, centros de recreação, escolas de boa qualidade, etc., condicionantes
essenciais para uma vida cidadã digna, saudável e produtiva. O gestor tem
demonstrado despreparo em atuar, como o maior administrador da cidade, ao
criticar profissionais obrigados a trabalhar sem o indispensável suporte
técnico de pessoal e instrumental para auxílio diagnóstico. Ele ignora que as
unidades de saúde estão deterioradas, não possuem laboratórios, raios-X,
medicamentos, leitos decentes, alimentação condizente com os tipos de pacientes
internados e, sobretudo, superlotadas. Tudo isso não é por culpa dos médicos,
mas pela completa ausência da gestão pública, empenhada em outros afazeres mais
rendosos politicamente, notadamente porque, na saúde, toda a culpa sempre é
atribuída aos médicos, enquanto elefantes brancos continuam em seu letárgico processo
de construção. Todas estas absurdas e perigosas condicionantes demonstram um
prefeito, de um governo que não beneficiará a população com saúde de qualidade
e que está preocupado apenas em mostrar números, repetindo os mesmos erros das
administrações anteriores, debochando dos eleitores ao desrespeitar os
servidores que todos os dias atuam nos hospitais e postos médicos.
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