Do voto em corruptos que surgem as mazelas governamentais |
O Brasil enfrenta
sua pior crise política e econômica da história. Entretanto, engana-se quem
pensa que o problema brasileiro é econômico. Fato é que, o maior de todos os
problemas atuais do Brasil, está na crise ética e moral que permeia a maioria
dos setores nacionais. A cada dia, mais um político é denunciado por práticas
de corrupção e o governo não consegue manter uma estabilidade para pensar
caminhos de recuperação. A Operação Lava Jato, de longe a maior ação contra a
corrupção nacional, iniciou seus trabalhos de uma forma pequena e ganhou apoio
da população. Em três anos, foram julgados 650 recursos decorrentes das
investigações. Aliado a isso, a população brasileira não é mais indiferente aos
escândalos políticos e cobra, cada vez mais, punição aos envolvidos. Nos
últimos trinta anos, o Brasil passou por crises econômicas, dois impeachments,
mensalão e Lava Jato. A nova crise política, que se instaurou com as denúncias
ao atual presidente Michel Temer, fez o mercado entrar em pânico com o dólar
cotado acima de R$ 3,40, e a Bovespa chegou a interromper os negócios depois de
cair mais de 10%. O cenário também trouxe incertezas em relação ao andamento
das reformas Previdenciária e Trabalhista, que se encontram em tramitação no
Congresso. Tantas incertezas quanto ao futuro político do Brasil trouxeram
consequências econômicas violentas e somente após a resolução disso será
possível saber a direção da economia no País. A maior dúvida é quanto a
retomada de investimentos. As inseguranças políticas que afetam a economia
também impactam de forma negativa a percepção de melhora no rating – nota
emitida pelas agências de classificação de risco para o País –, já que a
aprovação da reforma da Previdência, proposta pelo atual governo, era
considerada uma das etapas para melhorar o grau de investimento do País. Sem
eles, é quase impossível garantir a queda do desemprego e o cumprimento das
metas de inflação. O Brasil não tem um histórico de referências positivas na
relação de confiança entre político e eleitor. A grande maioria dos candidatos
promete as mesmas coisas ao eleitorado: saúde, educação, segurança e
infraestrutura, mas depois que acabam as eleições, esquecem do povo e esse
mesmo povo, por muitas vezes, esquece em quem votou. E, assim, o ciclo
continua, até a chegada do próximo período eleitoral. O Brasil é uma república.
A palavra república vem do latim “res publica” e significa “coisa pública”, que
é de todos. Apesar de ainda engatinharmos na democracia, a confiança é o
“coração” do ideal republicano. Infelizmente, o Brasil tem sido alvo de uma
corrupção sem precedentes, e o principal prejuízo causado por esta é a falta de
confiança nacional. Seja a confiança de uma pessoa na outra, seja a confiança
nas autoridades e nos demais representantes da sociedade. A confiança não é um
sentimento que se conquista da noite para o dia, mas deve ser trabalhada ao
longo do tempo e com muita demonstração na atitude diária. É uma construção que
precisa de continuidade. Em um País onde a política virou, para muitos,
profissão, as relações interpessoais são definitivamente a imagem de quem você
é e, logo, ser confiável significa solidez. Atentos leitores, caras leitoras,
saibam que a confiança é fundamental para a construção de uma política sólida e
eficaz. E neste caso, a velocidade e o tempo para a construção de confiança são
inversamente proporcionais à perda desta.
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