Nunca houve no mundo uma máfia mais poderosa que o PT |
Mais de um
quinto dos investigados na lista do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Luís Edson Fachin, tem parentesco entre si. Pais e
filhos, maridos e esposas e até uma dupla de irmãos são delatados pelos
executivos da Odebrecht aos investigadores. A lista tem, por exemplo, quatro
casais que, segundo os delatores, receberam caixa 2 para campanhas eleitorais.
Um dos pares é formado pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) e o marido, Moisés
Pinto Gomes. Segundo a Procuradoria-Geral da República, há indícios de que
Gomes tenha recebido R$ 500 mil, divididos em duas parcelas, para a campanha
eleitoral em 2014. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também é apontada
como beneficiária, por intermédio do marido, Eron Bezerra, de caixa 2 para a
campanha eleitoral de 2012. Outro casal que, de acordo com as delações, também
está envolvido é a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e seu marido e arrecadador
de campanhas, Márcio Toledo. As campanhas eleitorais de Marta à Prefeitura de
São Paulo, em 2008, e ao Senado, em 2010, foram, segundos os delatores,
instrumento para o recebimento de R$ 550 mil e, posteriormente, R$ 500 mil, em
caixa 2. Os repasses foram feitos a Toledo. Dois delatores afirmaram também em
depoimento que o deputado federal Décio Lima (PT-SC) pediu dinheiro para a
campanha da esposa, a deputada estadual de Santa Catarina Ana Paula Lima
(PT-SC), à prefeitura de Blumenau em 2012. O pagamento foi de R$ 500 mil. As
delações trazem ainda várias situações em que pais pediram dinheiro em nome de
seus filhos. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o filho dele, Renan
Calheiros Filho, receberam dinheiro da Odebrecht. Em negociação direta com os
executivos da construtora, o senador solicitou o pagamento de R$ 1,2 milhão ao
PMDB. Desse valor, pelo menos R$ 800 mil foram transferidos para o filho. Em
contrapartida, o senador deveria facilitar a aprovação de leis que favoreciam a
companhia. Já o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), também
teria, segundo os delatores, atuado para aprovar legislação favorecendo
negócios da Odebrecht. Em 2014, Jucá pediu R$ 150 mil em forma de doação
eleitoral para o filho, Rodrigo Jucá (PMDB-RR), então candidato a vice-governador
de Roraima. Os dois são acusados de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem
de dinheiro e crimes contra a administração pública. A chapa de Rodrigo, que
tinha como candidato a governador Chico Rodrigues, do PSB, ficou em segundo
lugar na disputa de 2014 pelo governo do Estado, com pouco mais de 45% dos
votos. O vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM-RJ) foi
citado junto do filho, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), em cinco delações. Elas apontam que em 2008, Rodrigo Maia recebeu R$
350 mil para campanhas eleitorais. Mas naquele ano ele e o pai não foram
candidatos. Posteriormente, em 2010, Rodrigo solicitou dinheiro para a campanha
do pai. De acordo com as delações, ele recebeu R$ 600 mil. Em 2014, pai e filho
voltaram a receber pagamentos, dessa vez para apoiar a aprovação de medida
provisória de interesse da construtora. Ambos serão agora investigados pelos
crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes
contra a administração pública. Outra dupla de pai e filho é a do senador José
Agripino Maia (DEM-RN) e seu filho, o deputado federal Felipe Maia (DEM-RN).
Delatores declararam que eles cobraram, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 50
mil, em recursos de caixa 2. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu também é
alvo de pedido de investigação junto do filho, o deputado federal Zeca Dirceu
(PT-PR). De acordo com a Procuradoria, o pai pediu doações para a campanha do
filho em 2010 e 2014. Duas parcelas de R$ 250 mil teriam sido pagas pelo setor
de propinas da Odebrecht. Pai e filho são acusados de corrupção passiva,
corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública. Daniel
Vilela, deputado federal pelo PMDB-GO, é filho de Maguito Vilela, ex-senador e
prefeito de Aparecida de Goiânia (GO), também pelo PMDB. Maguito é acusado por
dois delatores de receber R$ 1 milhão para a campanha do filho à Câmara
Federal. Os dois serão investigados por prática de caixa dois. Por fim, consta
das delações uma parceria fraterna. A lista traz o senador Jorge Viana (PT-AC)
e seu irmão Tião Viana (PT-AC), governador do Acre. Juntos, delatores apontam
que eles receberam R$ 2 milhões da Odebrecht em forma de doação para a campanha
de Tião ao governo, em 2010. Desses, R$ 500 mil foram repassados oficialmente.
Os fatos foram narrados em duas delações, uma delas do ex-presidente da
companhia Marcelo Odebrecht. Os irmãos serão investigados por falsidade
ideológica para fins eleitorais.
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