Geraldo Simões vendeu emendas parlamentares para João Bacelar |
Geraldo
Simões não foi reeleito em 2010, mas seu comparsa no episódio de venda de
emendas parlamentares para o município de Casa Nova, sim. Mas a traquinagem do deputado
federal João Bacelar parece não ter limite e nem prazo de validade para acabar.
Ele foi citado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado
federal teria solicitado repasses financeiros nas campanhas das eleições de
2006, 2010 e 2014. Foram R$ 200 mil em 2014 como doação oficial, em 2016 foram
pagos R$ 50 mil pelo setor de Operações Estruturadas. No primeiro inquérito, os
colaboradores José de Carvalho Filho e João Antônio Pacífico Ferreira, o
deputado teria pedido "um esforço para que o MP não caducasse". O
deputado já havia atendido a pedidos realizados pelo colaborador e teria agido
para evitar a convocação de representante da empresa Santo Antônio na Comissão
de Fiscalização e Controle e repassado informações sobre as sessões secretar
que eram realizadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. No
primeiro inquérito, há indícios, da prática dos crimes de corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. No segundo inquérito,
Bacelar é investigado juntamente com outros três deputados federais por
depoimentos de Marcelo Odebrecht, Paul Elie Altit e Paulo Ricardo Baqueiro de
Melo. Os deputados teriam solicitado vantagem indevida à Odebrecht Realizações
Imobiliárias (OR), em contrapartida pela atuação concreta para a aprovação da
PREVI, de aquisição de uma torre comercial e de shopping center no
empreendimento "Parque da Cidade". O total de R$ 27 milhões teriam
sido destinados ao Partido dos Trabalhadores. O deputado Bacelar tem foro
privilegiado e será investigado pelo Supremo Tribunal Federal. NO CONGRESSO, UM BALCÃO PARA NEGOCIAR
EMENDAS - Gravações com inconfidências da ex-mulher de um deputado e uma
planilha revelam indícios do que, há anos, circula nos corredores do Congresso:
um grupo de deputados do baixo clero opera um balcão de negócios envolvendo as
emendas parlamentares. A denúncia vem da ex-mulher do deputado João Bacelar
(PR-BA), mas atinge outros parlamentares. A empresária Isabela Suarez, filha e
braço-direito do empreiteiro Carlos Suarez, fundador da OAS e um dos maiores
empresários da construção civil na Bahia, afirma que Bacelar compra emendas de
colegas. Há duas conversas entre Isabela
e a irmã de Bacelar, Lílian, que trava com ele uma briga na Justiça por causa
da herança do pai e, por isso, resolveu fazer a gravação. Na conversa, Isabela
detalha vários negócios feitos por deputados e, especialmente, pelo ex-marido. —
Desse cara do PT, com certeza ele (Bacelar) compra emenda. O nome dele é
Geraldo alguma coisa. Federal da Bahia. Se procurar, na hora você vai achar:
Geraldo. Com certeza, com certeza. Eles operavam com o filho dele — disse a
empresária. O único deputado do PT da Bahia com esse prenome é Geraldo Simões. GS
figura como tendo enviado R$ 3 milhões para o município de Casa Nova.
Procurada, a Codevasf confirmou que o deputado federal que destinou esta emenda
para a cidade foi Geraldo Simões. R$ 3
MILHÕES PARA ‘BASE’ DE 4 VOTOS - Tradicionalmente, as emendas parlamentares
são destinadas a municípios onde o parlamentar tem voto, justamente para
retribuir à base eleitoral. Mas, ironicamente, Simões teve apenas quatro votos
em Casa Nova na eleição de 2010. O município é um reduto eleitoral justamente
de Bacelar, que teve 7.599 votos lá. A situação se repete com quase todos os
municípios citados na tabela com a verba destinada pelos deputados para a
Codevasf. Em cinco dos sete municípios, Bacelar é o primeiro ou segundo
deputado federal mais votado. Até recentemente, Bacelar era um parlamentar
absolutamente desconhecido da imensa maioria dos brasileiros. Filho de um
ex-deputado, com base eleitoral no interior da Bahia, Bacelar só chegou ao
noticiário nacional após se descobrir que ele usava o mandato para cometer um
rol surpreendente de irregularidades. Ele direcionava suas emendas para a
empreiteira da própria família, colocou na folha de seu gabinete a empregada
doméstica de sua família e praticava nepotismo cruzado.
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