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| Moro pode fazer Wagner trocar o sítio por uma cela de cadeia |
Enquanto o governo começava a se esfarelar com o avanço do processo de impeachment, o ministro Jaques Wagner já pensava no seu futuro e encontrava espaço na agenda para comprar o seu “Sítio Felicidade”. Era 16 de dezembro de 2015 e o país vivia uma semana decisiva. O Supremo Tribunal Federal começava a discutir o rito do impeachment na Câmara, assunto de máxima atenção para o Palácio do Planalto. Era quarta-feira e 21 cidades recebiam manifestações em defesa da presidente Dilma Rousseff. Apenas na Avenida Paulista, 55 mil pessoas classificavam o impeachment de golpe. O governo, claro, acompanhava de perto o andar daquele dia. Escalado por Lula para auxiliar Dilma na batalha para salvar o governo, Jaques Wagner registrava em cartório naquele dia a compra do sítio. Ele se associava ao ex-lobista e amigo de longa data Guilherme Sodré, o Guiga, para comprar o imóvel por R$ 538 mil. Guiga é pai de um enteado de Jaques Wagner. Com o nome de Fazenda Dinamarca, Wagner, sua mulher e Guiga compraram uma fração de 14 hectares do imóvel, algo como 14 Maracanãs. O local incluía casa com cinco suítes, garagem, piscina e acesso ao Rio Santo Antônio, da Chapada Diamantina. Agora, o nome é “Sítio Felicidade”. Segundo o registro do cartório, o imóvel teve uma entrada de R$ 398 mil e o resto dividido em dez prestações de R$ 14 mil. O salário de Jaques Wagner é de R$ 30 mil. O antigo dono é o prefeito de Andaraí, Wilson Cardoso (PSB). Pelo rateio, segundo o registro cartorial, Jaques Wagner e sua mulher têm 76% do imóvel (cerca de R$ 408 mil), enquanto a empresa de Guiga tem os outros 24% (cerca de R$ 129 mil). Guiga ganhou notoriedade ao surgir na Operação Satiagraha, como lobista do banqueiro Daniel Dantas. O ex-lobista é uma figura conhecida nos bastidores de Brasília, sempre próxima de empresários e políticos. Em um dos episódios mais notórios, Jaques Wagner queria levar a colega Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, para um passeio de lancha na Bahia. O ano era 2006. Wagner recorreu então a Guiga. O ex-lobista nunca cobrou a fatura do aluguel. Nem Jaques Wagner pediu. Mesmo assim, Jaques Wagner e Dilma acharam normal passear de lancha de graça em 2006. Depois se descobriu que Guiga tinha recorrido aos préstimos do empreiteiro Zuleido Veras, da construtora Gautama - a empreiteira foi acusada de superfaturamento e desvio de recursos públicos pela Operação Navalha.

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