![]() |
O povo está sempre sendo sacrificado e obrigado a pagar o pato |
A crise política chega ao ponto mais imprevisível. Ninguém sabe ao certo se a oposição vai conseguir os votos necessários e muito menos o que acontecerá após o inevitável show de horrores que será o dia da votação no congresso. Caso a derrubada de Dilma ocorra, nada garante seu sucessor no cargo por muito tempo, seja pelo julgamento da chapa no TSE ou pelo surgimento de novas acusações irremediáveis vindo da Lava Jato. Da mesma forma, a vitória do governo pode não garantir o término do mandado, pelos mesmos motivos. A única coisa com a qual podemos contar é que, ao fim da convulsão parlamentar, restará um deficit bilionário nas contas públicas, de uma ordem que não pode ser ignorado. Seja lá quem estiver com as rédeas na mão, terá que enfrentar o problema de uma forma ou de outra. É possível, considerando o apego ao poder de nossos governantes de todas as correntes, que o problema seja empurrado com a barriga até 2018, mas disso não passará, ou a economia derreteria. Apesar de nada ser mais certo na vida do que a morte e os impostos, o aumento de tributos nesse caso não é uma solução possível, pois não altera a trajetória da dívida, além de ser insustentável em longo prazo. A única rota de reversão da tragédia é o corte de gastos públicos, o que significa, sem meias palavras, que alguém vai se dar mal. Seja por uma suposta sensibilidade social diferenciada ou uma maior capacidade técnica, os dois lados alegarão que em suas mãos o arrocho será menos danoso, mas no fundo a questão não é de intensidade e sim de escolhas. A bomba vai estourar, sem dúvida, mas no colo de quem? O cálculo político mais óbvio e desapegado de paixões ideológicas aponta para a manutenção de benefícios atuais, pois ninguém aceita perder o que já tem, em detrimento de benefícios futuros, sobre os quais o lamento tende a ser menos indignado e feroz. Resumindo a conversa para quem ainda não adivinhou, ninguém vai cortar os programas sociais e afins, eles vão mexer mesmo é na previdência. É uma reforma sabidamente impopular, mas se mexer nas regras do que está prometido para amanhã o é, imagine em algo presente e concreto. No fim das contas, independente de qual será o comando em Brasília, quem vai pagar o pato não são os industriais da Fiesp, ou petistas e seus opositores e sim o trabalhador que sonha em um dia se aposentar com o mínimo de decência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.