Não é só lei que vai melhorar a conduta dos jovens |
Depois de mais de 22 anos tramitando na Comissão
de Constituição e Justiça da Câmara, a PEC que reduz a maioridade penal de 18
para 16 anos teve sua admissibilidade e juridicidade aprovadas pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) por 42 votos a favor e 17 contra. O tema é, sem
dúvida, delicado e costuma provocar discussões intermináveis. As pessoas
favoráveis à redução argumentam que a atual legislação é ultrapassada: o jovem
de 16 anos teria hoje muito mais acesso à informação e condições de compreender
se o ato que pratica está ou não dentro da lei. Se ele pode votar nessa idade,
questionam, por que não poderia responder por seus crimes? Também se costuma
criticar a punição máxima prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), que prevê não mais que três anos de internação até mesmo para jovens que
cometem crimes cruéis. Para os defensores da tese da redução da maioridade, o
ECA protege demais o adolescente e estimula, na mesma medida, a prática de
crimes e a impunidade. Por isso, os jovens acabam sendo usados pelo crime
organizado. Já os críticos da mudança dizem que a medida trata apenas dos
efeitos, sem atacar as reais causas da participação do adolescente nos crimes,
como a falta de acesso à educação, o desemprego e a desagregação familiar. Outro
argumento é que a mudança, em vez de resolver o problema, só aumentaria a crise
do sistema penitenciário brasileiro, abrindo espaço para que os jovens fizessem
uma espécie de “curso” com criminosos mais experientes em presídios já
superlotados. Se verificarmos como a questão é tratada em outros países, vamos
ver uma grande variação na idade da responsabilidade criminal, o que reflete
uma falta de consenso. A redução da maioridade penal no Brasil não é algo tão
simples, de mera opinião. Necessita de uma análise tanto jurídica quanto
social. Também não pode ser vista como uma panaceia. O simples ato de baixar a
idade para 16 anos é inócuo e, daqui a alguns anos, é possível que o País
esteja debatendo uma nova proposta de redução, para 15, 14, 12 anos. É uma
questão que deve ser vista com um olhar mais amplo.
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