“Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?” (Mateus 27.46). Essa é umas das palavras mais duras e dolorosas
de Cristo na cruz. Estamos na Semana Santa. Jesus caminha em direção à cruz e,
mesmo sabendo do sofrimento que sofreria, ele não recua. Também nos chama a
fazermos esse mesmo caminho. No alto da cruz, no ápice da dor e da solidão ele
desabafa. Em meio ao abandono, dor e morte, a negação dos seus discípulos, os
insultos da multidão que pouco tempo antes o procurava, ele grita. Parece até
que o próprio Deus o abandonara! Você já se sentiu abandonado? Já passou por
situações tão dolorosas que sentiu como se o mundo e todas as pessoas te
virassem as costas e até Deus estava com os ouvidos fechados e os olhos
distantes de você? Então, você viveu um pouco da cruz de Jesus. O caminho da
cruz, muitas vezes, implica em solidão, perseguição e dor e parece que afasta
Deus de nós. Na verdade, é justamente o contrário! Deus age pelas costas, como
afirma Lutero. E, onde parece que ele está mais distante, ausente, é onde ele
está com sua mão protetora presente. O poeta mineiro Carlos Drummond de
Andrade, expressa esse sentimento de angústia e solidão em seu “Poema de Sete
Faces”, quando parafraseia as palavras de Jesus: “Meu Deus, por que me
abandonaste se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco”. Mas em
meio a esse “abandono de Deus” é que muitas vezes conseguimos abrir os olhos à
presença cuidadora de Deus. Quanto ao significado dessa palavra de Jesus, ela
expressa sim a dor do momento, mas, acima de tudo o cumprimento das profecias. Digo,
com toda convicção, que se você está se sentindo abandonado, olhe para Jesus.
Ele, que sofreu em si mesmo o peso do abandono e da solidão, não te abandona
jamais. Ouça o convite dele: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28).
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