Cumpre-se uma única certeza das anunciadas quando da renúncia de Bento XVI: seu
substituto herda uma carga mais pesada que a habitual. Deposita-se sobre os
ombros do novo Papa desafios poderosos, muitos dos quais provavelmente contidos
no relatório parcialmente secreto, cuja totalidade ainda nem foi apresentada
sequer aos cardeais eleitores. Apropriadamente, o nome de Francisco aponta para
a imperiosidade de se buscar apoio na simplicidade e na harmonização das partes
para que as coisas cheguem a bom termo. Reconhecidamente, o jesuíta que adotou
o nome de Francisco é um sacerdote de histórico solidamente baseado na
simplicidade, na austeridade e na firmeza. Sem dúvida, são trunfos valiosos
para a atual conjuntura. Mas a grandeza dos problemas atuais da Igreja Católica
requer do papa muito além que andar de ônibus e/ou preparar a própria comida.
Se for o caso, recusar o uso do sofisticado sapato vermelho, assim como
trajar-se de forma menos pomposa, consistirão em gestos de impacto junto à
opinião pública, redundando em maior simpatia ao catolicismo. Porém, será
necessário bem mais que atitudes de crença para o está vinculado a outros
problemas de grande calibre, como os escândalos sexuais, os financeiros, e as
trombadas entre determinados dogmas e as necessidades contemporâneas (pesquisas
com células-tronco, relação de divorciados com enfrentamento adequado dos
grandes desafios colocados. A perda crescente de fiéis é um grave problema e
que a igreja, casamento civil entre pessoas do mesmo gênero etc.). O momento é
de torcida pelo sucesso do papa no combate aos graves problemas que afetam essa
Igreja, pois uma referência divina para 1,2 bilhão de pessoas não pode se
permitir a ser minada, por dentro, em sua respeitabilidade. Com razão, o novo
papa pediu para que orassem por ele.

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