Os impactos sociais no sul
da Bahia, a redução no preço do cacau brasileiro e até os riscos à saúde estão
entre os argumentos dos produtores de cacau do estado para que maiores cuidados
sejam tomados na importação do produto no país. Segundo o presidente do
Instituto Pensar Cacau (IPC), Águido Muniz, as importações foram importantes em
um tempo em que a produção interna não supria o mercado local. “Se as
importações forem necessárias, que sejam feitas mediante uma autorização do
governo diante de uma previsão de safra”, defende. Na sua opinião, o produto
oriundo da África sofre desconfiança. “Não existe uma fiscalização rígida em
países como Gana e Costa do Marfim, e esse cacau chega aqui com insetos vivos e
outras pragas exóticas. Na última carga, dia 5, tinha até um homem morto junto
com as amêndoas”, conta. Águido também se diz preocupado com a queda dos preços
do cacau brasileiro, já que as importações em excesso fariam o produto sobrar e
o que seria pago pelo produto local não cobriria os custos de produção. No
entanto, a queda de preços do cacau brasileiro não teria como acarretar na
redução do preço dos ovos de páscoa, alega o Presidente da Câmara Setorial do
Cacau, Durval Libânio. “O consumidor não ganha com isso. O preço dos ovos de
páscoa subiram 13%, o fato de o cacau [brasileiro] ter caído [valor] não
impactou no preço do ovo de páscoa. O brasileiro tem preferido chocolates com
maior teor de cacau, e isso pode ser uma justificativa para o aumento do preço
do ovo de páscoa, apesar de esse tipo de chocolate representar 12% do que é
consumido aqui”, afirma. A população dos 93 municípios ligados à produção
cacaueira, como Ilhéus e Itabuna, também sente os impactos do cenário atual.
“Como o que é pago pelo cacau aqui não paga os custos de produção, a
consequência é o desemprego, êxodo rural, muita gente do campo migrará para a
cidade e lá eles não serão mão de obra qualificada, o que se torna um problema
grande”, diz Águido Muniz. (Lucas Franco).

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