O imenso salto da globalização do mercado, das finanças, reside
principalmente em dois fatores: a natureza expansionista inseparável ao próprio
capitalismo, de acumulação sem limites ou fronteiras, e as condições políticas
favoráveis às suas demandas e ambições. A ruína do campo socialista na Europa
destravou as amarras geopolíticas que dificultavam essa radical alteração,
modificando a economia, fazendo retroceder em todos os aspectos a vida
política, social, ideológica, cultural, comportamental, ambiental a nível
mundial. No início, essa hegemonia foi tão intensa que qualquer contestação à
nova doutrina econômica neoliberal passou a ser condenada como uma postura
acadêmica, política jurássica, alusão ao período em que os dinossauros existiam
na face da Terra. Estaríamos assim no auge da harmonia final, as fronteiras
nacionais inúteis e teríamos chegado ao término da História. Se olharmos hoje
para o mundo, o que vemos? Duas décadas de guerras sangrentas movidas pelas
ambições de uma única potência militar, milhões de mortos e refugiados pelos
continentes, a divinização da riqueza em substituição aos grandes valores
universais, gerando em pouco tempo uma civilização de profundo mal-estar. A
violência crônica, pandemias como a do crack alimentando os cofres do capital
financeiro – escândalo divulgado pela mídia internacional, individualismo, o
não diálogo, um salve-se quem puder, fobias, intolerâncias, milhões de
desempregados na Europa e nos Estados Unidos da América não foram gestados
pelos cidadãos comuns, mas por essa civilização em grave impasse. Cabe às
nações, aos povos encontrar a unidade, as alternativas reais à essa Idade Média
pós-moderna imposta às maiorias em proveito de um restrito círculo de
privilegiados.

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