PREF ITABUNA

Natal Itabuna

Natal Itabuna

Trief

Trief

9 de maio de 2012

PARA O BOM CIDADÃO, A OCASIÃO NÃO FAZ O LADRÃO

Histórias antigas podem servir para reflexão nos tempos atuais. Jovens com menos de 25 anos entendem isto muito bem. Demonstram mais interesse por relatos do passado do que as pessoas que estão na segunda idade. Os extremos da vida - jovens e velhos - encontram uma grande sintonia. Há muitos anos um empregado da antiga Rede de Supermercado Messias foi preso com uma quantidade grande de tóxico. Devido à quantidade, o flagrante policial foi lavrado como tráfico de drogas. Comparecendo ao Fórum Ruy Barbosa, o indiciado alegou ao Juiz que comprava uma quantidade maior de entorpecente para não sofrer exploração no preço. Era, entretanto, apenas usuário e só fumava nos fins de semana. O Juiz acreditou de imediato no preso. Todo Juiz calejado no ofício conhece quem fala a verdade e quem mente. Mas era preciso que viessem para os autos os documentos comprobatórios do que o preso lhe dizia. O processo é público, a Justiça é hierarquizada, os atos do juiz estão sujeitos a reexame do Tribunal. Não basta que o juiz esteja pessoalmente convencido de um fato para que esse convencimento dê embasamento à sua decisão. É preciso também que os elementos para a decisão estejam dentro do processo. E o Juiz explicou tudo isso ao preso, determinando que fosse aberta vista dos autos à defesa para as alegações preliminares e a juntada dos documentos necessários e fez constar do assentamento todos esses detalhes. O esforçado advogado, já no dia seguinte, dava entrada no processo de libertação do seu cliente, acompanhado da documentação adequada. A condição de homem honesto, chefe de família, estimado no seu círculo de convivência, todas essas qualidades positivas do preso ficaram provadas. Então o Juiz determinou a volta imediata do réu à sua presença. Ele sempre acreditou no poder da palavra. Aquele momento era importante demais para ser um momento burocrático. O Juiz pediu ao preso que se levantasse e encarando-o, chamou ele pelo seu prenome e disse: "fulano, eu confio em você". O preso respondeu firmemente: "pode confiar, doutor". O Juiz concedeu-lhe liberdade, através de despacho oral. E oficiou à empresa pedindo que não o dispensasse. O ofício foi discutido na diretoria. Alguns alegavam que para cada vaga de trabalho havia uma dezena de candidatos, a empresa não tinha motivo para manter maconheiros nos seus quadros. Outros ponderaram que se tratava de um pedido do juiz e que assim devia ser acolhido. Prevaleceu a opinião favorável à manutenção do empregado. Alguns anos depois, quando este mesmo Juiz realizou uma pesquisa universitária sobre prisão e liberdade, a pessoa beneficiada pela oportunidade concedida voltou à sua presença para ser ouvido, pois a pesquisa consistia justamente em verificar o êxito ou fracasso de medidas alternativas ao aprisionamento. Depois de responder todas as perguntas que lhe foram feitas, o antigo suposto traficante abre uma caixinha e retira dela uma medalha de "Honra ao Mérito", outorgada à sua pessoa quando completou 10 anos de casa. Entregando ao magistrado a medalha, disse: "Doutor, esta medalha lhe pertence. Se naquela tarde eu tivesse ficado preso, garanto ao senhor que viraria um bandido". O Juiz quis recusar a oferta, mas ele disse, radicalmente, que não voltaria para casa com a medalha. Está com o Juiz até hoje, guardada num lugar especial.

4 comentários:

  1. Pareceque tidos nós já nascemos com o gene da desonestidade, cuja eclosão só ocore quando as circunstâncias são oferecidas e postas à nossa frente.
    Conheço pessoas que foram honestas durante 40, 50 60 anos... mas fraquejaram depois e se tornaram referência de corrupção e banditismo depois de velho.
    Será mesmo que somos todos assim?
    Lourival Monteiro

    ResponderExcluir
  2. LADRÃO É LADRÃO, PORQUE SEMPRE FOI LADRÃO.
    NINGUÉM MUDA: APENAS SE REVELA!
    REINALDO FONTES

    ResponderExcluir
  3. Kleber Ferreira que o diga.
    Ele era "homem forte" na gestão de Acilino e não houve naquela época, nenhuma chance dele ter sido larápio... porque Acilino era mais atento as suas manobras.
    Com Loiola ele teve tudo para fazero que bem quisesse com o dinheiro da Câmara de Vereadores e acabou dando no que deu né?
    Juscelino Barreto

    ResponderExcluir
  4. A experiência mostra que, no nosso país, e nos outros também, só não é corrupto quem não está no poder. Arnaldo Jabor já disse sobre isso com muita propriedade. O Brasil é a nossa cara, esculpida em Carrara (entenda-se "cuspida e escarrada", como se convencionou dizer). Claro está que, a certeza da impunidade, motiva a prática dos excessos, inclusive da corrupção (corrupição como diria o Raimundo Pólvora). Flávio Guimarães

    ResponderExcluir

Comente no blog do Val Cabral.

Publicidade: