Histórias antigas podem servir para reflexão nos tempos atuais. Jovens com menos de 25 anos entendem isto muito bem. Demonstram mais interesse por relatos do passado do que as pessoas q
ue estão na segunda idade. Os extremos da vida - jovens e velhos - encontram uma grande sintonia. Há muitos anos um empregado da antiga Rede de Supermercado Messias foi preso com uma quantidade grande de tóxico. Devido à quantidade, o flagrante policial foi lavrado como tráfico de drogas. Comparecendo ao Fórum Ruy Barbosa, o indiciado alegou ao Juiz que comprava uma quantidade maior de entorpecente para não sofrer exploração no preço. Era, entretanto, apenas usuário e só fumava nos fins de semana. O Juiz acreditou de imediato no preso. Todo Juiz calejado no ofício conhece quem fala a verdade e quem mente. Mas era preciso que viessem para os autos os documentos comprobatórios do que o preso lhe dizia. O processo é público, a Justiça é hierarquizada, os atos do juiz estão sujeitos a reexame do Tribunal. Não basta que o juiz esteja pessoalmente convencido de um fato para que esse convencimento dê embasamento à sua decisão. É preciso também que os elementos para a decisão estejam dentro do processo. E o Juiz explicou tudo isso ao preso, determinando que fosse aberta vista dos autos à defesa para as alegações preliminares e a juntada dos documentos necessários e fez constar do assentamento todos esses detalhes. O esforçado advogado, já no dia seguinte, dava entrada no processo de libertação do seu cliente, acompanhado da documentação adequada. A condição de homem honesto, chefe de família, estimado no seu círculo de convivência, todas essas qualidades positivas do preso ficaram provadas. Então o Juiz determinou a volta imediata do réu à sua presença. Ele sempre acreditou no poder da palavra. Aquele momento era importante demais para ser um momento burocrático. O Juiz pediu ao preso que se levantasse e encarando-o, chamou ele pelo seu prenome e disse: "fulano, eu confio em você". O preso respondeu firmemente: "pode confiar, doutor". O Juiz concedeu-lhe liberdade, através de despacho oral. E oficiou à empresa pedindo que não o dispensasse. O ofício foi discutido na diretoria. Alguns alegavam que para cada vaga de trabalho havia uma dezena de candidatos, a empresa não tinha motivo para manter maconheiros nos seus quadros. Outros ponderaram que se tratava de um pedido do juiz e que assim devia ser acolhido. Prevaleceu a opinião favorável à manutenção do empregado. Alguns anos depois, quando este mesmo Juiz realizou uma pesquisa universitária sobre prisão e liberdade, a pessoa beneficiada pela oportunidade concedida voltou à sua presença para ser ouvido, pois a pesquisa consistia justamente em verificar o êxito ou fracasso de medidas alternativas ao aprisionamento. Depois de responder todas as perguntas que lhe foram feitas, o antigo suposto traficante abre uma caixinha e retira dela uma medalha de "Honra ao Mérito", outorgada à sua pessoa quando completou 10 anos de casa. Entregando ao magistrado a medalha, disse: "Doutor, esta medalha lhe pertence. Se naquela tarde eu tivesse ficado preso, garanto ao senhor que viraria um bandido". O Juiz quis recusar a oferta, mas ele disse, radicalmente, que não voltaria para casa com a medalha. Está com o Juiz até hoje, guardada num lugar especial.
ue estão na segunda idade. Os extremos da vida - jovens e velhos - encontram uma grande sintonia. Há muitos anos um empregado da antiga Rede de Supermercado Messias foi preso com uma quantidade grande de tóxico. Devido à quantidade, o flagrante policial foi lavrado como tráfico de drogas. Comparecendo ao Fórum Ruy Barbosa, o indiciado alegou ao Juiz que comprava uma quantidade maior de entorpecente para não sofrer exploração no preço. Era, entretanto, apenas usuário e só fumava nos fins de semana. O Juiz acreditou de imediato no preso. Todo Juiz calejado no ofício conhece quem fala a verdade e quem mente. Mas era preciso que viessem para os autos os documentos comprobatórios do que o preso lhe dizia. O processo é público, a Justiça é hierarquizada, os atos do juiz estão sujeitos a reexame do Tribunal. Não basta que o juiz esteja pessoalmente convencido de um fato para que esse convencimento dê embasamento à sua decisão. É preciso também que os elementos para a decisão estejam dentro do processo. E o Juiz explicou tudo isso ao preso, determinando que fosse aberta vista dos autos à defesa para as alegações preliminares e a juntada dos documentos necessários e fez constar do assentamento todos esses detalhes. O esforçado advogado, já no dia seguinte, dava entrada no processo de libertação do seu cliente, acompanhado da documentação adequada. A condição de homem honesto, chefe de família, estimado no seu círculo de convivência, todas essas qualidades positivas do preso ficaram provadas. Então o Juiz determinou a volta imediata do réu à sua presença. Ele sempre acreditou no poder da palavra. Aquele momento era importante demais para ser um momento burocrático. O Juiz pediu ao preso que se levantasse e encarando-o, chamou ele pelo seu prenome e disse: "fulano, eu confio em você". O preso respondeu firmemente: "pode confiar, doutor". O Juiz concedeu-lhe liberdade, através de despacho oral. E oficiou à empresa pedindo que não o dispensasse. O ofício foi discutido na diretoria. Alguns alegavam que para cada vaga de trabalho havia uma dezena de candidatos, a empresa não tinha motivo para manter maconheiros nos seus quadros. Outros ponderaram que se tratava de um pedido do juiz e que assim devia ser acolhido. Prevaleceu a opinião favorável à manutenção do empregado. Alguns anos depois, quando este mesmo Juiz realizou uma pesquisa universitária sobre prisão e liberdade, a pessoa beneficiada pela oportunidade concedida voltou à sua presença para ser ouvido, pois a pesquisa consistia justamente em verificar o êxito ou fracasso de medidas alternativas ao aprisionamento. Depois de responder todas as perguntas que lhe foram feitas, o antigo suposto traficante abre uma caixinha e retira dela uma medalha de "Honra ao Mérito", outorgada à sua pessoa quando completou 10 anos de casa. Entregando ao magistrado a medalha, disse: "Doutor, esta medalha lhe pertence. Se naquela tarde eu tivesse ficado preso, garanto ao senhor que viraria um bandido". O Juiz quis recusar a oferta, mas ele disse, radicalmente, que não voltaria para casa com a medalha. Está com o Juiz até hoje, guardada num lugar especial.
Pareceque tidos nós já nascemos com o gene da desonestidade, cuja eclosão só ocore quando as circunstâncias são oferecidas e postas à nossa frente.
ResponderExcluirConheço pessoas que foram honestas durante 40, 50 60 anos... mas fraquejaram depois e se tornaram referência de corrupção e banditismo depois de velho.
Será mesmo que somos todos assim?
Lourival Monteiro
LADRÃO É LADRÃO, PORQUE SEMPRE FOI LADRÃO.
ResponderExcluirNINGUÉM MUDA: APENAS SE REVELA!
REINALDO FONTES
Kleber Ferreira que o diga.
ResponderExcluirEle era "homem forte" na gestão de Acilino e não houve naquela época, nenhuma chance dele ter sido larápio... porque Acilino era mais atento as suas manobras.
Com Loiola ele teve tudo para fazero que bem quisesse com o dinheiro da Câmara de Vereadores e acabou dando no que deu né?
Juscelino Barreto
A experiência mostra que, no nosso país, e nos outros também, só não é corrupto quem não está no poder. Arnaldo Jabor já disse sobre isso com muita propriedade. O Brasil é a nossa cara, esculpida em Carrara (entenda-se "cuspida e escarrada", como se convencionou dizer). Claro está que, a certeza da impunidade, motiva a prática dos excessos, inclusive da corrupção (corrupição como diria o Raimundo Pólvora). Flávio Guimarães
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