Quando criança, vi na casa de parentes uma chaleira que apitava quando a água fervia. Para mim aquilo era novidade e achei, e ainda acho, muito engenhoso o sistema. Fiquei lá, ao lado do f
ogão, esperando a água ferver para ouvir o apito. Na época, só havia dois utensílios domésticos que faziam ruído para chamar nossa atenção: a tal chaleira, que pouca gente tinha porque, afinal, não era assim tão importante, e o despertador. Agora os aparelhos eletrônicos vêm equipados com bips, apitos e musiquinhas para nos obrigar a prestar atenção neles. A máquina de lavar roupa em minha casa, toca uma cançãozinha simpática quando termina o “serviço”. O celular fica bipando para avisar que recebi uma nova informação. O problema é que toda hora tem informação nova; 99% delas inúteis, dispensáveis, ainda que sedutoras. Como novas informações são sedutoras! Como gostamos de estar “por dentro”. Ou melhor, como tememos ficar por fora... Oh, vergonha tremenda de estar desatualizado, de não saber do que as pessoas estão falando. A exceção é quando o tema em questão é a vida dos outros – aí é até muito elegante mostrar-se desinformado. Nada mais elegante do que ser o último a saber da nova fofoca. Mas isso é minha opinião e deve ter quem discorde. A maioria das informações que nos são oferecidas é bobagem. E quem lhes diz isso é um radialista e blogueiro que ganha a vida empacotando informação. Pois falo com tranquilidade porque há o joio e há o trigo. Muitas informações até teriam seu valor em outro contexto, mas, no mundo de abundância em que vivemos hoje, precisamos escolher. Tem ruído demais, tem barulho demais a nossa volta. Pre¬¬cisamos decidir em que vamos focar nossa atenção porque isso vai acabar determinando coisas importantes na nossa vida. Estou exagerando? Pense comigo: será que dá para ter algum pensamento menos fútil e passageiro em meio ao barulho e à agitação? Desconfio que não. Se focarmos no ruído, seremos superficiais como ele. O ruído gera agitação, que é outro motor da superficialidade. O fato é que oferecer atenção para alguém é dar algo precioso, que vai gerar um contato verdadeiro. Não checar o celular e baixar a tampa do laptop enquanto fala com alguém é uma forma rara e pura de generosidade, que vai fazer seu interlocutor se sentir muito especial.
ogão, esperando a água ferver para ouvir o apito. Na época, só havia dois utensílios domésticos que faziam ruído para chamar nossa atenção: a tal chaleira, que pouca gente tinha porque, afinal, não era assim tão importante, e o despertador. Agora os aparelhos eletrônicos vêm equipados com bips, apitos e musiquinhas para nos obrigar a prestar atenção neles. A máquina de lavar roupa em minha casa, toca uma cançãozinha simpática quando termina o “serviço”. O celular fica bipando para avisar que recebi uma nova informação. O problema é que toda hora tem informação nova; 99% delas inúteis, dispensáveis, ainda que sedutoras. Como novas informações são sedutoras! Como gostamos de estar “por dentro”. Ou melhor, como tememos ficar por fora... Oh, vergonha tremenda de estar desatualizado, de não saber do que as pessoas estão falando. A exceção é quando o tema em questão é a vida dos outros – aí é até muito elegante mostrar-se desinformado. Nada mais elegante do que ser o último a saber da nova fofoca. Mas isso é minha opinião e deve ter quem discorde. A maioria das informações que nos são oferecidas é bobagem. E quem lhes diz isso é um radialista e blogueiro que ganha a vida empacotando informação. Pois falo com tranquilidade porque há o joio e há o trigo. Muitas informações até teriam seu valor em outro contexto, mas, no mundo de abundância em que vivemos hoje, precisamos escolher. Tem ruído demais, tem barulho demais a nossa volta. Pre¬¬cisamos decidir em que vamos focar nossa atenção porque isso vai acabar determinando coisas importantes na nossa vida. Estou exagerando? Pense comigo: será que dá para ter algum pensamento menos fútil e passageiro em meio ao barulho e à agitação? Desconfio que não. Se focarmos no ruído, seremos superficiais como ele. O ruído gera agitação, que é outro motor da superficialidade. O fato é que oferecer atenção para alguém é dar algo precioso, que vai gerar um contato verdadeiro. Não checar o celular e baixar a tampa do laptop enquanto fala com alguém é uma forma rara e pura de generosidade, que vai fazer seu interlocutor se sentir muito especial.
Ninguém é tão "pobre" que não possa dar algo de si para tornar este mundo mais agradável.
ResponderExcluirNem que seja uma palavra amiga.
Trabalho há muito tempo na área pública e sei que até as pessoas mais rudes gostam de cortesia. Nem que seja uma vez ou outra.
"Detalhes tão pequenos..."... Assim diz uma canção do Roberto Carlos.
ResponderExcluirGuilherme Santos
Prezado amigo Val Cabral
ResponderExcluirHá muitas pessoas feridas pela vida e que muitas vezes apenas necessitam de compreensão, por isso costumo dizer que devemos amá-las quando menos merecerem,pois é quando mais precisam.
Isso é a compreensão do significado de oferecer a outra face, mostrando o outro lado.
Essa mesma compreensão que podemos oferecer ao próximo, nos dará forças para lutarmos pela correção de nossoas próprios defeitos.
Sei que são pensamentos e atitudes difíceis para quem se acostumou com as coisas como elas são, mesmo que sejam ruins, é difícil mudar, então as pessoas desistem.
Quando isso acontece todos saem perdendo e o mundo lá fora que tentamos enfrentá-lo sem a prática do bem, nos fará senti-lo como um tapa na cara.
Paulo do Pontalzinho
paupont@bol.com.br
Nossa Val!!!!!!
ResponderExcluirEste texto provocou em mim uma profunda reflexão, lembrou-me muito do filme A Corrente Do Bem.
No momento quero apenas dizer Amém.
gostaria de pensar mais a respeito do tema e talvez mudar a minha resposta, gostei tanto que salvei este texto no meu pc.
Parabéns por ter tanta inspiração, até me deixou sem palavras!!!!!!
Flávio Lopes
Para sermos gigantes igual ao Saara, temos que juntar os grãozinhos de areia, sempre com certeza.
ResponderExcluirEveraldo Brandão
Val Cabral, eu dou toda a atenção aos pequenos detalhes, me atento sempre a eles.
ResponderExcluirAcredito que os pequenos detalhes é que fazem mudança, fazem o diferencial, sempre. Daniel Cerqueira
Quando prestamos atenção nos detalhes e aproveitamos cada oportunidade para fazer o bem, estamos construindo o bem comum.
ResponderExcluirAgindo assim chegaremos à essência da vida. E a essência da vida é o amor.
Lindo isso e muito verdadeiro.