A SAÚDE É RUIM PORQUE O GOVERNO NÃO É BOM

Durante muitos anos, enquanto estive escrevendo e falando dentro da imprensa – e mesmo fora dela, denunciei as mazelas do SUS. Fui voz quase solitária. Minhas críticas eram desdenhadas por alguns nobres e inteligentes colegas de comunicação e até por amigos ligados à gestão pública. Por cima da carne seca, essa cambada de gênios descobria nas entrelinhas do SUS maravilhas que os mortais comuns – como eu – não tinham acesso. Terminei, depois de muito matutar, compreendendo as razões e os porques de até fedelhos estagiários de radialismo, que mal sabiam o ABC da medicina, na contramão das evidências, já se posicionarem contra as minhas observações e a favor do SUS. O fato é que “o mais perfeito sistema de saúde do mundo” foi quantificado. Diante de tanta mediocridade, não se admira, que Lula e sua trupe dele mantenham prudente distância. Seus cânceres não podem ter tratamento “meia-boca”. Os da população sim. Por que o SUS é mal afamado? Entre nós, as respostas poderiam estar na superlotação do Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães; na ausência de PSF em 70% de Itabuna; na crônica crise da alta e média complexidade; nas eternas dificuldades dos outros hospitais que trabalham para o SUS e que não apareceram (ainda) nos jornais. Na concessão de benefícios “extras” para os apadrinhados do interior e da capital... No desprezo pelos honorários médicos e aviltamento nos valores de diárias hospitalares... Na arrogância de gestores que dão socos na mesa e humilham colegas com xingamentos. E na desumanidade, irresponsabilidade, negligência, insensibilidade e desinteresse do governador Jaques Wagner em priorizar a saúde pública, em suas decisões governamentais.