WAGNER CHAMA FORÇA NACIONAL E EXÉRCITO

Um efetivo de 150 homens da Força Nacional de Segurança desembarca em Salvador às 22h desta quinta, por solicitação do governador Jaques Wagner ao Ministério da Justiça. Outros 500 homens chegam à Bahia nas próximas 48 horas. Eles vão reforçar o policiamento ostensivo em todo o estado. Também está prevista a presença de tropas do Exército, após entendimento do governador com a presidente Dilma Rousseff. Nesta sexta à tarde, o secretário de Segurança Pública, Mauricio Barbosa, e o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, se reúnem com o comandante da VI Região Militar, general Gonçalves Dias, para definir a participação do Exército na segurança. "Vamos reforçar a sensação de segurança, já que a PM está nas ruas e apenas uma minoria está promovendo atos de vandalismo", afirmou o secretário Mauricio Barbosa, em entrevista coletiva no auditório da Secretaria de Segurança Pública. Segundo Barbosa, dois terços dos PMs não aderiram à greve e estão nas ruas, com 200 viaturas. O governador Wagner, assim que chegou do Haiti nesta quinta, exigiu o imediato restabelecimento da ordem. PMS EM GREVE INVENTARAM OS BOATOS - O comércio de Itabuna e Ilhéus fechou as portas, num clima de pânico, com medo dos inúmeros arrastões de bandidos anunciados a todo momento, mas no final da tarde se percebeu que quase todos foram inventados. Em Itabuna, cinco policiais militares foram vistos espalhando os boatos no centro em um Corsa Sedan cinza. Em Ilhéus, lojistas também dizem ter identificado alguns PMs "avisando" para fechar as portas porque "um arrastão vem aí". Apesar de ter a greve declarada ilegal pela Justiça, até porque não existe direito de greve no meio militar (a recusa em grupo de obedecer ordens é motim), a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares da Bahia (Aspra) quer manter a paralisação. Mas ela pode ter uma grande dor de cabeça. Os lojistas de Itabuna pensam em entrar com dezenas de ações individuais para cobrar na Justiça os lucros cessantes, danos materiais e morais causados pela greve ilegal. COMÉRCIO FECHA POR CAUSA DE ARRASTÕES - O Comando da Polícia Militar da Bahia reforçou o policiamento em Feira de Santana e Ilhéus, por causa do clima de tensão gerado por atos de vandalismos causados por manifestantes em greve, que na quarta à noite furaram pneus de viaturas que não aderiram. Para Feira de Santana, foram deslocadas viaturas da Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE) Litoral Norte. Já para Ilhéus foram enviadas equipes da CIPE Cacaueira. O objetivo é intensificar o policiamento e garantir a segurança. Mas a situação é crítica em Itabuna, onde o comércio inteiro fechou as portas, inclusive o Shopping Jequitibá, empresas do centro e negócios de bairro. As pessoas se trancaram em casa, outras esperam para sair das lojas em grupo. Já se fala em não abrir nada nesta sexta-feira caso a greve ilegal continue. GREVE DA PM É ILEGAL, DIZ JUSTIÇA - A greve convocada por segmentos de policiais militares baianos foi considerada ilegal nesta quinta pelo juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Eduardo Almeida Brito. O ato foi representado pelo procurador Marcos Sampaio. O juiz acolheu requerimento do governo, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra-BA) “suspenda o movimento grevista deflagrado”. Segundo o procurador-geral Ruy Moraes, caso a entidade não cumpra a decisão de imediato pagará multa de R$ 80 mil por cada dia parado. “Os policiais devem retornar de imediato. Este é um serviço essencial e indispensável, não comporta paralisação”. Marcos Sampaio disse que, além da ilegalidade da greve, a representação enviada à 6ª Vara da Fazenda Pública abordou os riscos a que a população foi exposta com a paralisação. A realidade mostrou que o estado está certo. Houve arrastões em Ilhéus e Feira de Santana, com fechamento do comércio e fuga de turistas para Itabuna, apavorados com o clima de insegurança na cidade litorânea. “O magistrado ficou muito sensível ao problema. Não só por ser o serviço dos policiais militares essencial, como pela visitação de turistas, as pessoas desenvolvendo a sua fé na festa de Iemanjá e a menos de 15 dias para o início do Carnaval", diz Sampaio. (A Região).