BRASIL ULTRAJADO

Sinto-me ultrajado, por atos criminosos dos políticos que me governam; pela falta de decência dos agentes públicos que cuidam de si, usando meu nome; por ver meus filhos recebendo esmolas que trocam pela dignidade “de ser cidadão”; porque o alimento no prato não alimenta a alma dos meus filhos humildes; porque o estado toma do cidadão o suor do trabalho, e o político subtrai para seu beneficio o sangue do povo; porque tudo que o estado dá é tirado do próprio cidadão, que é sugado com “monstruosa derrama", diminuindo o bem estar dos meus filhos; porque vejo a dor nos corredores dos hospitais; porque “vejo a ignorância” instruindo meus filhos; porque vejo as drogas contaminando meu povo; pela insegurança patrocinada pelo descaso dos governantes; quando vejo “um filho meu” drogado na sarjeta,“fugindo da luta”; quando crianças matam crianças, na pior das guerras do mundo; pela promiscuidade reinante entre os três Poderes; porque em nome da democracia - a tirania da minoria, eleita pelo povo - se sobrepõem a maioria para saqueá-la; quando temos o mais sofisticado sistema para eleger governantes, escolhendo a pior escória de políticos; porque os políticos da minha pátria tornaram a democracia um instrumento da maior corrupção que tenho noticia; porque a corrupção dos políticos corrompe os princípios de meus filhos; porque a política pública, em minhas terras, nada mais é que a própria corrupção; porque o espírito de minha raça está entregue a agentes públicos safados que, como urubus, habitam o interior dos prédios públicos; porque vejo que meu povo, “deitado eternamente em berço esplêndido”, perde a honra que é o primeiro passo para jogar no lixo a “alma da nação”; porque sou grande e generoso, dou terras férteis e ricas, água em abundância, clima invejável, povo hospitaleiro e trabalhador e, infelizmente, políticos safados; porque meu povo tem vergonha de se indignar; porque os meus filhos tratam os governantes como patrões quando são empregados; porque “o brasileiro é o povo que troca protestar pelo silêncio dos covardes”; porque o roubo da honra de meus filhos empobrece a pátria e acaba com os meus cidadãos; porque meus filhos não se levantam e estão caminhando para a escuridão. (Guilhobel Aurélio Camargo).