KOKÓ NÃO COMBINA COM VEREADOR

Não há dúvida sobre a importância do cantor Kokó do Lordão para Itabuna. Ele leva o nome da cidade para todo o país. É um interprete fantástico e carismático. Poucos como ele, conseguem harmonizar a versatilidade da dança e do canto, como se estivesse protagonizando um espetáculo cinematográfico, num palco de show musical. E Kokó é a própria personalização do Show Man Grapiuna. Não dar para ficar sem “queixo caído” diante de Kokó cantando. E o Lordão sem Kokó é tão autentico quanto o Rio de Janeiro sem a gigantesca estátua do Cristo Redentor. Kokó é como o David musical, que sabe como derrotar os Golias da tristeza e melancolia. Kokó é o colosso do que há de melhor em nosso show de sermos itabunenses. Mas ele não é somente um músico, cantor e compositor. Kokó é ativista das nossas causas sociais, artísticas e culturais. Não são poucas as pessoas que hoje dançam e cantam profissionalmente, simplesmente porque contaram com seus estímulos e patrocínio. E são muitos os deserdados que contaram com suas mãos estendidas e solícitas. Acima de tudo, ele é um artista. Parece-me que há sempre a necessidade de catalogar talentos num só artista. E Kokó é um polivalente das artes e do humanismo. Um artista é um artista e como tal pode e deve, caso tenha a necessária versatilidade, procurar novas experiências, enriquecendo-se a si próprio e à arte. O Kokó será sempre um cantor. E nada poderá prejudicar este fato. A mensagem que é passada através da sua voz deve ser sempre bem interpretada e como tal um bom cantor deve também ter sempre um pouco de político. Mas, não necessariamente deve ser eleito, para fazer o que os vereadores nunca fazem. E não há nada que Kokó não possa fazer como cantor, que o fizesse como vereador. Se submeter em meio a uma maioria de víboras, é não querer enxergar o estrago que pode provocar a picadura de uma cobra venenosa. Kokó pode até considerar as vertentes de ser cantor e vereador como dicotomia que se apresenta não como opostas e busque no complemento de ambas o seu percurso mais abrangente possível. Mas pode também descobrir a incompatibilidade de ser do mundo e não poder sair do seu próprio chão. Como conciliar legislar em Itabuna, em dias iguais ao cumprimento de contratos com shows em outras cidades e estados? Como atender demandas de quem não se limitaria as áreas reservadas para o público? Como ser artista num cenário onde o que não falta é uma maioria de bandidos do colarinho branco? Como se fazer digno acompanhando e sendo liderado por políticos com ficha suja? O cantor Glberto Gil se candidatou para vereador em Salvador, com perspectiva de obter mais de cem mil votos e se elegeu com pouco mais de 10% dessa projeção. Venceu, mas não convenceu. Foi um péssimo vereador, pois o povo pensou que ele poderia traduzir na Câmara, o mesmo papel que exercia no palco. E Gil nunca mais quis saber de ser vereador. Nisso o povo concordou com ele. Espero que o Kokó do futuro, não seja o Gilberto Gil do passado.