Já se aproximava do fim da manhã daquele dia nublado comum do inverno itabunense, quando de repente, como a surgir do nada, bandidos invadem uma loja em local de grande movimento no centro da cidade. Os revólveres ameaçadores estão apontados para os poucos e apavorados clientes que estavam no salão naquele momento, enquanto os vendedores permaneciam estáticos sem esboçar a mínima reação, é claro. A qualquer movimento, um tiro fatal poderia ser disparado de uma daquelas máquinas aterrorizantes, modernas, bem superiores as que são usadas pela polícia. Tudo dominado. Estava desenhado o cenário para mais um assalto a um estabelecimento comercial, já uma rotina no dia a dia da cidade de Itabuna, infelizmente. Mas, o que nos chamou mesmo a atenção conversando depois com uma vítima do evento, foi o desempenho de um dos meliantes, por sinal muito seguro de si, falante, “desenrolado” como costumamos dizer na linguagem popular. A loja vendia tintas e o tal sujeito escolheu um dos vendedores, coitado, já quase se borrando todo, para despachá-lo como se estivesse fazendo uma compra normal. Pediu ao atendente que lhe fizesse uma demonstração dos melhores produtos alegando ser exigente, ter gosto e não aceitava mercadoria de qualidade inferior. Foi mais além dizendo que tudo em sua casa é de primeira, até a TV era LED de 50 polegadas. O pobre vendedor já de cuecas borradas, foi - só Deus sabe como - cumprindo as ordens do ladrão. Mercadorias no balcão, explicações técnicas, dúvidas, perguntas, detalhes de aplicação, tudo como manda o figurino. Efetuadas as “compras”, o bandido mais uma vez foi inusitado e identificando quem era o gerente da loja, exigiu a nota fiscal de toda a mercadoria “adquirida”. Ainda meio sem entender o que estava acontecendo e atordoado, o gerente ficou olhando para o ladrão que lhe apontava arma sem saber muito que fazer. Nesse instante o cara alterou a voz, foi incisivo: “Anda logo seu m... tira essa p... dessa nota. “Sou ladrão, mas sou honesto, direito, minhas coisas são feitas na legalidade”. O que o caro leitor faria no lugar do gerente? Foi exatamente o que ele fez; legalizou as “compras”, emitiu o cupom fiscal. Enquanto isso a gente fica com muitas dúvidas e imaginando se outros tantos assaltos com essas características não têm acontecido Bahia afora. Vivemos num mundo impregnado de corruptos, dinheiro em malas, cuecas, falsas igrejas e ONGs que servem como depósito para lavagem do nosso suado realzinho. Não nos convence que a atitude do bandido da loja de tintas tenha sido apenas um simples exercício da sua psicopatia. A gente tá careca de saber que, por aqui, os assaltantes voam livres como as andorinhas, ninguém os incomoda. Quem sabe, se esta nota não é mais um estripulia dos espertos para “legalizar a prática da corrupção.
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