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10 de junho de 2011

A ARTE DE GOVERNAR

Não é fácil, nos tempos de hoje, governar sem se expor. O modelo do Cardeal Richelieu deu certo na corte de Luís XIII, mas hoje, muito certamente, fracassaria. Como declarou certa vez Alain Touraine, o sociólogo francês, numa das visitas ao Brasil, o eleito é alguém que a maioria julgou ter todas as qualidades para conduzir e são esses atributos que a sociedade deseja ver guiando seu futuro. Talvez esteja aí um dos problemas de afirmação de vários governantes atuais. O que pareceu fácil na arena política, agora se revela um desafio para a construção de sua imagem de governantes. O marketing retoca e compõe o retrato do candidato, produzindo planos e programas, afirmações críticas, falas, juízos, opiniões, posturas modernas, tudo. Mas, só se governa bem de frente para a sociedade, numa clara relação pessoal e sem artificialismos. Observo que muitos dos nossos governantes dão sinais de baixa prontidão, de lentidão no seu processo decisório. Como se dependesse de exame ou de um crivo prévio, sem que se saiba a opinião e o estilo da decisão do governante. O método trava a engrenagem, paralisa o processo decisório, queima a primeira instância e submete-a a decisões finais irrecorríveis, com efeitos nem sempre bons. Todo governo tem personagens invisíveis, mas é imprescindível contê-los para que não devorem a criatura-símbolo eleita pelo povo. Não é fácil defender essa verdade. O invisível é difícil de ser demonstrado. Mas, também, seria um erro desconhecer esses personagens em razão de sua invisibilidade e só porque são fortes e até temidas como a força do governo. Não vê-los, ou negá-los, seria um artifício cômodo que só empobreceria a visão completa do problema, além de amesquinhar a própria análise. Como se até a sombra fosse temível, o que enfraquece o direito dos eleitores que o colocaram no poder central. A política não pode levar ao extremo a máxima do futebol – “em time que está ganhando não se mexe” – sob pena de excluir da política a parte mais complexa de uma arte que também é ciência. Assim, se o conjunto das vozes é determinante na formulação das estratégias, são outros os ingredientes e as circunstâncias formadoras do caldo de cultura de quem decide, a toda hora, os destinos de um povo. É possível que hajam eminências pardas grandes demais atrofiando a ação das equipes de alguns Estados brasileiros. E mesmo que não seja esta a intenção, pode ser resultado daquele estilo que faz o homem se deixar influenciar por terceiros supostamente bem articulados e vitoriosos. Tem sido assim e continuará sendo? Ninguém sabe. E até quando. Talvez até o dia em que os cardeais, cansados do peso do próprio solidéu, resolvam descansá-lo para refletir o quanto é misterioso o poder e insondáveis os desígnios da condição humana. (Antonio Nahud Júnior).

3 comentários:

  1. Governar pode tanto ser uma arte, a arte de saber administrar as coisas correatamentes, como é uma ciência que estuda os fatores políticos e humanos da sociedade.

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  2. Acredito que governar deva ser mesmo uma verdadeira arte visto que nós nunca estamos satisfeitos com os governantes que elegemos, sempre queremos mais e melhor, por mais bem intencionado que o governante do país possa ser, ele sempre tem de fazer malabarismos para se manter no poder, sempre tem de pintar e bordar para não ser expulso de lá, por estes e outros motivos governar é verdadeiramente uma arte.

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  3. Quem não governa a si mesmo,como pode governar os outros?

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