No burburinho do Centro da cidade, transeuntes passam rápidos, dividem espaços no anonimato, esbarram-se. Fortuitamente, um pedido de desculpa ressoa quase inaudível.
Uma criança com seus passos curtos atrasa a caminhada da mãe que o adverte: – Anda menino, senão te deixo aí! O menino não respondera, tinha a cabeça voltada para trás; sua atenção, certamente, foi dirigida para um homem relativamente alto, forte e de epiderme negra, que caminhava lentamente, sendo conduzido por uma mulher de veste conservadora e simples. O casal era Dona Marta e Edilson Benção Pura. Nitidamente, é notada a estranheza do menino àquela cena. Acomodado no colo quente da mãe, bem à luz do dia, enxerga-se a cegueira de um homem que não deve ter passado de trinta anos. O homem que nada enxerga, parece não nutrir um ódio cego pela vida, bem ao contrário é um grande viajor, é compreensivo com as circunstâncias. E usa os microfones da rádio Difusora nas noites de sábados e domingos, para demonstrar sua clareza de visão sobre os acontecimentos dos homens e a palavra de Deus. E ele ver tudo, como se não fosse uma pessoa que não tem deficiência visual. Ele enxerga com os lábios e se revela com a voz. Tem uma malemolência, uma brejeirice, que denota h
umor descomunal diante da limitação visual. Parece razoável em si, sem tortuosidades, sem cólera. Confere-se o direito de não arriar os fardos, de evocar a luz da razão para iluminar e depurar a sua existência, mesmo sem estímulos, emerge da escuridão com firme apreço à vida. Demonstra não se curvar ao infortúnio, não obedecer às limitações. Atravessa limites, mostra que não se pode ser pleno, mas ardente para luta pela vida. Nada lhe turva a visão interior; não há razão para cegar seus horizontes. Seu flagelo não faz vacilar suas certezas. Sua voz é como canto de uma ave livre, que ressoa seu imaginoso universo em construções vigorosas e ativas. Tudo isso encerra um certo mistério; como alimenta suas fantasias? É certo que há uma vida internalizada, pois como apaziguar um destino vítima dos sucessivos dias de escuridão? A cegueira não se constitui para ele em entrave à alegria. Permite sentir a vida em seu entorno de forma dócil e afável. Seu corpo cego é vivente e palpitante e não está apartado de nós e da sociedade. Ele age com uma força que magnetiza e é capaz de eliminar o germe dos preconceitos. Sua postura evoca a capacidade argumentativa de não se assujeitar às limitações. Eu não podia deixar de reconhecer em Edilson Benção Pura, uma das personalidades mais simpáticas, úteis e dignas do rádio e da sociedade itabunense. Sinto-me privilegiado em constar da sua vasta relação de amigos e honrado em tê-lo como meu ouvinte e compartilhador de radiofusão, idéias e visões.


Irmão Edilson é um fabuloso instrumento de Deus e um excelente exemplo de dignidade em Itabuna.
ResponderExcluirMuitas das vezes o que escolhemos fazer não é o plano de Deus, lembra de Jonas?
Antonio Andrade
Uma pessoa Cristã não quer dizer que não vai sofrer, pois até Jesus sofreu, mas que Deus le ajudará a vencer. Problemas são apenas problemas eles só serão grandes se você estiver longe de Deus, praticando o pecado.
ResponderExcluirFicar no escuro pra sempre e não poder ver as maravilhas que existem é muito cruel e nem assim o Irmão Edilson Benção Pura se acovardou, ou anda lamentando seu infortúnio. Ele merece nossos aplausos!!!!
ResponderExcluirSe vc ficar sem olfato, vc não sente gosto,
ResponderExcluirse vc ficar sem paladar, vc não sente gosto,
se vc ficar sem audição, vc não ouve,
se vc ficar sem visão vc não enxerga(as belezuras que existe no mundo - HOMENS -),
se vc ficar sem tato, vc não pode seeentiiir as belezuras...*-*
mas axo q o pior é sem visão mesmo... sabe, viver num mundo escuro, onde praticamente nada existe...
Gustavo Botelho
EDILSON BENÇÃO PURA É PURA SIMPATIA, É UM CARA MUITO BACANA E SOU FÃ DELE.
ResponderExcluirREINALDO DANTAS
Extraordiária sensibilidade e muito bem escolhida essa homenagem!
ResponderExcluirHildete Nogueira - Detinha
Edilson é o cara!
ResponderExcluirNunes