A formação de um policial passa por diversas fases a começar por concorrido concurso, provas de aptidão física e curso na Academia de Polícia
, última fase do certame em que o futuro profissional passa a ter contato com a ambientação em que irá trabalhar. Ali, além das disciplinas de conteúdos teóricos que darão suporte legal ao desenvolvimento da atividade policial, o aluno experimentará, em treinamentos aproximados à realidade, situações de risco que enfrentará no seu dia a dia. A rigor, o aluno policial deveria sair da Academia com habilidades em gerenciamento de crises, análise de risco, planejamento operacional, técnicas de inteligência e interrogatório, recrutamento de informantes, direção de viaturas, técnicas de abordagem, imobilização, uso de armas não letais e tiro – o último recurso a ser usado. Nas instruções de tiro o aluno começa conhecendo o armamento que lhe é disponibilizado, a manutenção e a fundamentação teórica sobre uso adequado de armas. No último fundamento o aluno aprende que para aplicá-lo ele tem de passar por mais quatro fases que terá de cumprir em frações de segundo – Ver, Identificar, Decidir e Agir. Tudo isso é praticado em alvos inertes, papel ou metal, em forma de silhueta humana. Formado e já nas ruas, o policial descobre que o seu alvo já não é mais inerte e não tem nenhum respeito aos seus comandos de “Parado! Polícia! Mãos na cabeça! Parede! Chão!”. Palavras mágicas desde o tempo em que eram pronunciadas como “Poliça! Arriba mão! Não se bula!”. Os marginais abordados, maioria sob efeito de drogas, reagem de forma instantânea e letal, não têm nada a perder e a temer. Do outro lado o policial com emprego, família, liberdade e vida a perder. Talvez o policial não tenha tido tempo de atirar em seus assassinos (e se o tivesse pensaria em tempo maior que o limite no aprendizado), mas naquela fração de segundo passando pelas fases que antecedem ao disparo, pensou na família, perda do emprego, cadeia e... Perdeu a vida num confronto desigual entre o que tem e o que não tem nada a perder.

Ser policial na Bahia é correr risco constante de se assassinado e somente neste ano de 2010, 18 policiais já foram mortos por bandidos. Esta é uma profissão de alto risco de morte na Bahia. E o salário é de miséria... tão irrelevantes quanto as condições de trabalho.
ResponderExcluirJorge Sales
NÃO HÁ SEGURANÇA PARA POLICIAIS E NEM PARA O CIDADÃO. ESTE É O MAIS DRAMÁTICO RETRATO DA BAHIA ATUALMENTE. MESMO ASSIM, O POVO REELEGEU O PIOR GOVERNADOR DA HISTÓRIA DESTE ESTADO!!!!! GUTEMBERG MATOS
ResponderExcluirPrezado amigo Val Cabral
ResponderExcluirA polícia brasileira, como acontece em diversos países latino-americanos, é terrivelmente mal paga, o que encoraja a corrupção. Os policiais ficam muito suscetíveis a receber propostas de suborno para sustentar sua família. Nos Estados Unidos, os policiais ganham muito bem e pertencem de fato à classe média. No Brasil, os soldados da Polícia Militar ou os agentes da Polícia Civil são parte da classe social mais baixa. Isso cria uma distância em relação à classe média e aos ricos, provoca grandes dificuldades e frustração.
Paulo do POntalzinho
paupont@bol.com.br
O governo é um dos principais culpados dessa realidade que nos assola. Na sua ausência, surge o tráfico, o assaltante, o viciado etc. Caso os governantes nutrissem seu povo com o mínimo de benefícios que lhes é de direito, certamente viveríamos num país melhor. Além disso, nem educação de qualidade ele fornece aos seus habitantes. Isso demonstra apenas uma coisa: quem está no poder, não tem interesse em sua sociedade escolarizada, consciente e questionadora. Uma sociedade “analfabeta” é mais fácil a dominação e submissão aos seus ditames. Montesquieu já versou sobre o modelo de governo déspota em “Do tratado das leis”. Para o autor, o despotismo é um dos mais horrendos modelos de governo e uma de suas estratégias para a dominação era manter a sociedade longe do alcance do conhecimento, pois assim seria mais fácil manipulá-la e manter-se no poder. Engraçado, em nossa democracia, embora contemple os três poderes – executivo, legislativo e judiciário, a exemplo do que Montesquieu já proclamava em sua obra, somos, na maioria, vulneráveis aos nossos governantes. Sempre carentes de todos os direitos sociais. - Roberto Tavares dos Santos - Professor
ResponderExcluirVal Cabral, aproveito esta postagem, para reclamar da desculpa de que policial bandido é bandido porqye recebe salário de miséria.
ResponderExcluirTenho certeza absoluta que a polícia precisa sim de aumento salarial. Não questiono isto. Mas atribuir ao baixo salário a corrupção é ridículo.
Se isto fosse verdade teríamos os melhores políticos do mundo, visto serem eles os mais bem pagos do mundo.
Não, a questão é muito mais do que salários. A questão é também moral.
Edmilson Marques
Maravilhoso este texto!
ResponderExcluirParabéns!
Aliás, quero confessar que estou viciada em seu blog, todo dia tenho que ler o que escreve e os comentários.
Ediana Carvalho