LÍDICE AMEAÇA DESISTIR DE CANDIDATURA

Nem bem a campanha iniciou e, surpreendentemente, aliados protagonizaram o primeiro fogo cruzado. Os personagens principais foram a deputada federal Lídice da Mata (PSB) e o PT baiano. Muros da cidade foram pichados com a composição da chapa majoritária petista, mas o nome de Lídice foi esquecido. A socialista disparou em alto e bom som que não aceitará ser discriminada, chegando a ameaçar desistir da candidatura ao Senado, na qual concorre ao lado de Walter Pinheiro (PT). Após conter os ânimos, Lídice minimizou o mal-estar e disse só falar sobre o assunto após a chegada do governador Jaques Wagner da África do Sul, prevista para hoje. No entanto, circula nos bastidores do poder que Lídice, prevendo ser “fritada” por alas do PT e, consequentemente, ser derrotada por Pinheiro, estaria disposta a cumprir com a promessa e renunciar. Ao menos, embasamento da Justiça Eleitoral ela possui. legislação - De acordo com o especialista eleitoral Ademir Ismerim, a presidente estadual do PSB tem até o dia 04 de agosto para desistir de participar da chapa majoritária sem nenhum ônus. “Ela pode perfeitamente voltar a ser candidata a deputada federal, desde que haja vaga, que geralmente em partidos menores não são preenchidas. Para isso, basta ela renunciar e a legenda indicar a sua participação para compor a chapa na proporcional”, explicou. Levando em consideração as projeções do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) divulgadas anteontem, que colocam Pinheiro com chance alta e ela com chance média de serem eleitos, a aposta de fontes políticas é que essa seria a melhor saída. “No Senado existem dois candidatos em potencial: César Borges e Pinheiro. Lídice sairá em desvantagem nesta guerra. Afinal, ela e o candidato petista possuem o mesmo perfil e ainda o mesmo reduto eleitoral. Não há como um não ser priorizado. Neste caso, é lógico, o petista”. Entre os mais conservadores, entretanto, aguarda-se que com a chegada do governador os ânimos sejam acalmados e o tratamento concedido a Lídice seja revisto. SOCIALISTA COBRA ACORDO COM PT - É fato que “irritada” com a sequência de pichações espalhadas pela cidade que apresentavam os nomes de Dilma presidente, Wagner governador e Pinheiro senador, Lídice esbravejou. “Ficou acertado que todas as propagandas da chapa majoritária teriam tratamento único. Não vou aceitar a discriminação”, disse. “Se Wagner estivesse aqui isso não estaria acontecendo. Mas não vai ficar assim. Ou o PT cumpre o que ficou acertado ou eu largo a candidatura ao Senado e vou disputar a reeleição como deputada”, desabafou. No entanto, ontem, através de sua assessoria de imprensa, Lídice procurou minimizar os acontecimentos. Segundo ela, a questão já havia sido dialogada com a coordenação de campanha do PT e as divergências já estavam sendo solucionadas. “Houve irritação, mas a situação está entrando nos eixos. Não houve desdobramentos relacionados a isso hoje (ontem)”. Ainda segundo palavras de sua assessoria, a candidata não pretende deixar a composição da majoritária, “pois acredita na palavra de Wagner de tratar todos com igualdade na campanha”. PETISTAS TRANQUILIZAM - Alguns petistas também trataram de “baixar a poeira” na seara governista. Em entrevista à Tribuna da Bahia, o presidente estadual do partido, Jonas Paulo, se referiu ao fato como “isolado e superado”. Segundo o dirigente petista, um candidato a deputado estadual e outro a federal – responsáveis pela pintura nos muros – omitiram o nome de Lídice, mas a coordenação de campanha já equacionou a situação. Ele também negou que houvesse ameaças por parte da candidata em deixar a composição com Wagner, mas admitiu que sua reclamação quanto à propaganda “equivocada é natural”. “Não existe ameaça de desistência, isso é fantasia do povo de Geddel (Vieira Lima) que tem criado crise onde não tem”, disse, alfinetando o principal adversário da chapa do PT ao governo do estado. Jonas Paulo descartou ainda que haja problemas na coordenação da campanha, que atua pela reeleição de Wagner e dos postulantes ao Senado. “Esse fato não tem relevância. Ressalto ainda que Lídice é quem tem melhor posicionamento nas pesquisas dentro de Salvador e Região Metropolitana”, completou. O deputado petista Zé Neto (PT) também procurou amenizar o fato e defendeu o compromisso do PT com a candidatura da deputada federal, que agora segue o desafio de se eleger ao Senado. “Lídice não precisa se preocupar em ter o apoio da legenda, porque o partido está determinado a cumprir o acordo feito com ela”, disse, acrescentando que as pichações sem o nome de Lídice foram feitas sem o acompanhamento da campanha petista. OPOSICIONISTAS NÃO PERDOAM FALHA - inimizado ou não, o impasse serviu como “prato cheio” para a oposição girar sua metralhadora contra o PT. Cortejado para ocupar a vaga ao lado de Lídice, o senador César Borges (PR), que optou por apoiar Geddel, não perdeu tempo e declarou que isso tudo só o levou a concluir que agiu certo ao preferir o PMDB e não o PT, pois, sem dúvida, seria “fritado” na campanha. “Agora, vendo o que se passa com Lídice, não tenho mais dúvidas”. O presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, vai mais além. “Isso só demonstra que Borges é um homem de visão. No entanto, não precisa ser grande futurólogo para fazer essa previsão. Isso já era esperado e foi, exatamente, esse tipo de comportamento que levou o PMDB, o PV, o PSC, o PTB e o PPS a deixar a atual gestão”.