A explicação que parece mais óbvia é preconceito. O veterinário aprovado já tinha desempenhado função semelhante antes. O que explica o segundo colocado em um concurso público ser chamado antes da pessoa que ficou em primeiro lugar? O caso aconteceu e chamou atenção no interior de São Paulo. A explicação que parece mais óbvia é preconceito. É que o candidato é portador de deficiência física é cadeirante. Mas, no edital do concurso nada dizia que ele não poderia participar. Ao contrário, até havia vagas reservadas para deficientes. Decidido a superar mais este obstáculo, ele agora busca ajuda da Justiça. O médico veterinário que trabalha na prefeitura de Jales, a 600 quilômetros de São Paulo, já se acostumou às dificuldades para se locomover. Mas o obstáculo mais difícil que ele já enfrentou não é uma barreira física: é precisar provar que é capaz de trabalhar na função para a qual prestou concurso e passou em primeiro. João Paulo quer trabalhar como fiscal do Conselho de Medicina Veterinária, que controla o exercício da profissão. O médico veterinário, que já trabalhou em função semelhante no Paraná, acompanhou passo a passo a publicação dos convocados. Para surpresa do candidato, o segundo colocado foi chamado antes dele. “Tem que falar para outras pessoas que você é capaz. Isso é muito frustrante”, reclama o veterinário João Paulo Fernandes Buosi. Inconformado com a situação, João Paulo decidiu procurar o Ministério Público Federal. Só quando a Procuradoria da República entrou no caso, o Conselho de Medicina Veterinária do estado de São Paulo decidiu chamar o candidato para uma perícia médica que vai dizer se ele pode ou não exercer a atividade. “Na hora de fazer o concurso, a documentação mostrou que ele estava apto. Ele foi aceito pelo conselho. Simplesmente depois de aprovado, a ordem de classificação foi ignorada e ele não foi nomeado”, explica o procurador da República Thiago Lacerda Nobre. O representante do Conselho de Medicina Veterinária diz que o candidato não foi chamado porque não se enquadrava nos requisitos para o cargo, mas a posição será revista. “A Procuradoria fez a recomendação e o conselho prontamente entendeu a necessidade de rever os seus atos e assumiu os erros administrativos. Está chamando o candidato para rever a situação”, declara o delegado regional do Conselho de Medicina Veterinária de São Paulo Fernando Buchala. “É uma pessoa batalhadora que foi atrás dos direitos. Hoje eu posso dizer que graças a ele, que procurou o Ministério Público Federal e que permitiu a nossa atuação, ele está reintegrado no concurso e hoje pode continuar no processo seletivo”, diz o procurador Thiago Lacerda Nobre. “É mais a sociedade incapaz de receber o cadeirante, não permitindo a acessibilidade, do que o cadeirante incapaz de se incluir”, fala o veterinário. João Paulo já passou pela perícia médica, mas ainda não recebeu o resultado da avaliação. Imagine a frustração: ele se inscreveu em um concurso para uma função na qual já havia trabalhado, a inscrição foi aceita sem qualquer problema, ele passou em primeiro lugar e não foi chamado. Fica parecendo que o problema é dele e não de quem faz a seleção. (Ângela Góes).
Parabéns sra Ângela Góes, pela excelente postagem. È isso aí, muita força e muita garra em seu trabalho. Não desista nunca de seus ideais e desse seu esforço para conscientizar as pessoas sobre a importãncia de se respeitar os direitos das pessoas com necessidades especiais.
ResponderExcluirDantinhas
Senhora Ângela, seus artigos, seus trabalhos são magníficos e são uma fonte de estudo maravilhoso. Querida amiga, adoro tudo o que vc escreve.
ResponderExcluirHilda Fontes
A verdade mais absoluta, é que amaior deficiência é a ignorância!
ResponderExcluirSolange Soares de Lima
A Nação brasileira mantém cerca de dois milhões de brasileiros presos em suas deficiências, sem as mínimas condições de respeito ao ser humano. Cegos sem bengalas, amputados sem muletas, paraplégicos sem cadeiras de rodas, surdos sem comunicação, deficientes mentais isolados, todos vivendo no fundo do nosso quintal, no nosso quarto dos fundos, como se o mundo já não vivesse as grandes perspectivas de integração do deficiente. E isso tudo é lamnetável.
ResponderExcluirKleber Barreto