Graças à
radicalização mútua e crescente sobre o comportamento econômico frente às demandas
ambientais e econômicas da região cacaueira, tornam-se remotas as chances de um
aproveitamento de fato sustentável na escala apropriada para as necessidades de
desenvolvimento do sul da Bahia. De um lado, batem-se os fundamentalistas
verdes, em defesa da virgindade da mata atlântica, noutro canto, disparam os eucalipteiros,
cafeicultores e defensores do desmatamento puro e simples. Em verdade, nenhuma
das duas óticas radicalizadas se aproxima de uma posição que possa ser
considerada justa e verdadeira. A intocabilidade de toda a mata atlântica e sua
devolução a um período pré-1500 é uma alucinação despropositada. Assim como a
exclusão de regras ambientalistas para nortear a exploração das matas
sulbaianas é uma estupidez ignorante. Definir áreas para reservas intocáveis e
perímetros liberados para tipos de exploração específicos é uma combinação
difícil. Mas indispensável. Uma das principais questões a ser resolvida com
rapidez diz respeito à liberação para o plantio de café e eucaliptos. Isto deve
ser considerado como inegociável, assim como não se negocia os territórios de
preservação integral. A própria concepção de grandes áreas contínuas para
reservas indígenas deve ser revista, tal como deve ser tornada mais dura a
legislação sobre a biopirataria e os crimes ambientais. Para o retorno do
desenvolvimento sulbaiano se faz essencial, na região cacaueira, a combinação
de projetos de grande envergadura como o Porto Sul, UFSBA, PAC do Cacau (e
outras muitas promessas que precisam sair do papel) e revitalização da
cacauicultura. Sem isso, um melhor futuro é insustentável, pois o próprio
crescimento populacional da região não se sustenta com o ancestral método de
exploração da monocultura do cacau. Esta combinação não é fácil, nem simples, e
exigirá seriedade e tecnologia no planejamento e na execução dos manejos demandados
por tão ousados e necessários projetos. Precisará também de muita coragem dos
poderes públicos, pois será brutal a pressão contra a alternativa para o
desenvolvimento do sul da Bahia.

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