EU É QUE SOU O PALHAÇO COCADA

Eu sou palhaço. Você é palhaço. Todos somos palhaços. O professor, ao querer transmitir conhecimentos, torna-se um palhaço, pois o ridículo e ultrapassado sistema o obriga a trabalhar em vários horários e escolas, a fim de garantir o mínimo necessário para sua sobrevivência. Também quando a ele são impostas leis, obrigando-o a promover alunos que, no decorrer do curso, serão problemas não para os educadores, mas para os próprios educandos. O professor, na realidade, pouco pode fazer por seu aluno, infelizmente. O aluno, por sua vez, transforma-se em palhaço pela qualidade das aulas que lhe são impostas, devido à ridícula condição oferecida à escola e aos profissionais. O que o aluno aprende? Que culpa tem ele de não aprender? São palhaços ainda diretores, supervisores e demais profissionais quando não conseguem implementar qualquer projeto. Nem mesmo organizar o estabelecimento é possível, já que surge, a cada dia, absurdo retrocesso através de portarias, resoluções, decretos e leis, totalmente improdutivos, com o político intuito apenas de dificultar o andamento da aprendizagem. Os educadores são desacreditados e ainda criticados por vários seguimentos da sociedade. Somos todos palhaços ao ouvimos políticos cinicamente falando sobre melhoria da educação. São propostas ridículas e inaplicáveis. Para não dizer: indecentes. Realmente precisamos de uma profunda e verdadeira reforma educacional. Mas essa a eles não interessa. Deprimente palhaçada ainda quando se tem de “engolir” uma campanha eleitoral em picadeiros fajutos onde se obriga a ouvir promessas mirabolantes, medíocres debates e, sobretudo, por agüentar as conseqüências de desastrosas “políticas” que impedem a grande maioria de conseguir uma vida digna: “Faltando arroz, feijão e sonhos / Esperança e pão.” Só não pode ser considerado palhaço o artista que surge num picadeiro, de cara pintada, para alegrar esse mundo entristecido pela incompetência de quem se deu o efêmero poder de dirigir o destino de um povo. (Cocada)