A bruxa do presente em nossa cidade, já foi considerada guardiã da vida com papel essencial nas comunidades e círculos acadêmicos. Hoje ela é vista como símbolo de maldade e representada por imagens que não condizem com a personalidade desumana e mesquinha a que ela tem se submetido no comando da gestão, para assuntos de feitiçarias, ebós, despachos, oferendas, sacrifícios, sacrilégios sombrios e os cambaus!
Embora
coberta de estrias, varizes e celulites, a cinquentona bruxa da nossa cidade, não
possui aparência de mulher mais velha, dotada de um grande e enverrugado nariz,
trajando roupas surradas e chapéu pontudo, ao lado de sua “Cuca” e seu
caldeirão e, inevitavelmente, ligada à maldade. Será que toda bruxa se
assemelha à que imaginamos e vemos em estórias infantis? Talvez você se
surpreenda em saber que a bruxa existe, sim, em nossa cidade. Mas ela não é
exatamente como descrevem.
Nossa
bruxa oxigenada e de hálito nauseante, que se veste de maneira chinfrim e anda
como se estivesse saltitante, teve sua via cruz em clínicas, hospitais e
terreiros de macumba, para tratamentos estéticos que a fizeram com aparência do
tempo que lhe devido em virtude da idade cinquentenária. Ranzinza e desvairada,
ela não trabalha com quem ela não gosta, ainda que essa pessoa seja,
comprovadamente, a mais habilitada, pois isto poderia significar um desrespeito
à sua capacidade destrutiva!
A bruxa
da nossa cidade acumula muitos anos de experiência e domina os saberes necessários
para lidar com a dor e morte: a dose correta para não curar uma doença, o procedimento
preciso na hora de atazanar enfermos, as plantas capazes de promover alucinações,
as ervas que causam tormentos durante o falecimento. Como define alguns dos
seus próprios auxiliares): “A ela se reveste a vida, a morte, remédios,
venenos”!
Em sua
condição de bruxa, ela é médica, conselheira e guardiã da vida e da morte. E
quando o Rei adoeceu, foi ela quem o socorreu e permaneceu ao seu lado, até sua
completa recuperação. Grato, o Rei a nomeou sua auxiliar para assuntos de feitiçarias,
ebós, despachos, oferendas, sacrifícios, sacrilégios sombrios e os cambaus! Só
por isso a bruxa continua no reino cujo Rei, a rata roeu a roupa e o está
deixando nu!
Enfim, os estudiosos de mitologia, misticismo, crendices populares e religiões, explicam que, desde as épocas mais remotas da história, a mulher é vista como força mágica e misteriosa da natureza, e esse poder feminino acabou despertando uma das maiores preocupações do ser masculino: como quebrá-lo, controlá-lo e usá-lo para seus próprios fins. E nosso frágil Rei sem poder de enfrentar a Bruxa maligna, pois em prática o adágio que aconselha: “Se não pode com a bruxa, junte-se a ela”!
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