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Jacqueline Mendes tentou, mas não conseguiu o que possui hoje, Charliane Souza: uma representação na Câmara de vereadores! |
Em ano de eleições, o mês de
março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, a temática do
"empoderamento" feminino costuma ter um viés a mais na pauta já
predeterminada dessa discussão: o da representação delas no cenário político. É
a época em que surgem os números que apontam que mais de 51% dos eleitores
brasileiros são mulheres, que só 10% das vagas no Congresso Nacional são
ocupadas por elas. A Bahia contou com o total de 233 candidaturas femininas
aptas a concorrer às 107 vagas na disputa para os cargos de Deputado Estadual,
Deputado Federal, Senador (1º e 2º Suplente), Governador e Vice-Governador nas
Eleições 2014. Apesar de o número de mulheres disputando representar um
crescimento em relação à última Eleição Geral em 2010 (136 candidaturas),
apenas 11, o equivalente a 4,7%, conseguiram se eleger naquele ano. Foram sete
que concorreram ao cargo de Deputada Estadual, três a Deputada Federal e outra
que disputou o posto de segundo suplente de Senador. Os dados oscilam, mas
quase todos os anos de eleição estão praticamente no mesmo patamar. As
campanhas e ações para tentar alterar essa realidade também são quase sempre as
mesmas. O principal debate, em geral, circula sobre a cota para candidaturas
femininas, num eterno debate se a medida é ou não eficaz e se seria ou não
justa. Paralelo a isso, os partidos continuam investindo pouco nas candidatas
mulheres, quando não as transformam em "candidatas laranjas",
registradas somente para garantir o cumprimento da cota. Mas e as eleitoras?
Elas procuram ter representação feminina na política quando vão às urnas? Assim
como o caminho para o combate à corrupção passa pela forma como o eleitor
escolhe seus candidatos, analisando o passado de cada um deles, estudando suas
propostas, uma maior presença das mulheres nos parlamentos e palácios do
Executivo também depende da atuação de quem as elege. É preciso que as mulheres
queiram ser representadas por mulheres e votem nelas. Eleições passadas, a
radialista Jacqueline Mendes, que acabou não se elegendo a um cargo no Legislativo,
disse acreditar que o motivo da quantidade quase insignificante de mulheres na
política, em comparação à quantidade de eleitoras, se dava porque a rotina
delas é muito mais atarefada que a dos homens e, por isso, elas não costumam
ter tempo de pensar sequer em quem eleger, que dirá em se candidatar. O
argumento fez mais sentido quando completado com a seguinte observação: são as
mulheres que estão nas portas das escolas cobrando soluções quando há greves ou
falta de estrutura para seus filhos; também são elas que reclamam das filas nos
postos de saúde e da ausência de medicamentos para os pais ou sogros idosos; e
mais, são elas que boicotam (ainda que sem uma organização formal) o mercado
que aumenta os preços que coloca em risco o orçamento familiar. A conclusão de
Jacqueline foi de que as mulheres já atuam na política e, exatamente por isso,
não têm tempo de se tornarem políticas. Elas próprias se representam e não só a
elas próprias, mas a todos que dependem delas para sobreviver. Significa que
não precisamos de mulheres ocupando mais espaço na política? Absolutamente.
Afinal, se sem serem detentoras de grandes cargos elas já conseguem tanto,
imagine como poderia ser o país se elas estivessem do outro lado da ponta
dessas reclamações...
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