Por que será que as cidades têm se tornado ambientes urbanos hostis, com trânsito
engarrafado? E por que tem sido tão comum ver repetições de enchentes? Ou
ainda, por que as cidades têm crescido de forma cada vez mais desordenada? Não
é difícil achar milhares de respostas e justificativas; dependendo de quem seja
o interlocutor, sempre haverá uma solução na ponta da língua. Um cidadão comum
dirá que falta prioridade política para resolver os problemas efetivamente; um
técnico, por sua vez, afirmará que sem bons projetos e boas obras nada será
resolvido; um político poderá dizer que a solução está na multiplicação e
liberação de mais emendas parlamentares, mesmo que não haja projeto realizável.
Sem querer ter a resposta neste texto e muito mais tentando fortalecer a busca
da solução mais viável, é razoável propor que se pense sobre a forma como as
demandas sociais foram formadas nos últimos trinta anos e como elas foram, são
ou serão atendidas. Sem dúvida, uma das maiores necessidades da população é ter sua casa própria ou, ainda que de aluguel, morar
em imóveis de boa qualidade em bairros servidos por equipamentos urbanos e
infraestrutura completa como abastecimento de água, esgotamento sanitário,
coleta de lixo, ruas pavimentadas e limpas. E, assim, as cidades crescem e
expandem seus limites desorganizadamente, avançando por áreas onde antes havia
um sítio rural, provocando nessas localidades um impacto que precede a formação
das “favelas” de alvenaria, basicamente porque não se planejou o
desenvolvimento urbano e, menos ainda, se definiu como construir bairros novos,
com milhares de casas sem que se esbarre na falta de capacidade de o poder
público atender de forma integrada a todas as demandas posteriores ao simples e
belo ato de “dar” uma casa a quem não tem. O Programa Minha Casa Minha Vida é um dos maiores
exemplos de ato nobre a serviço da ampliação dos riscos urbanos de serem
criadas mais zonas favelizadas. Por todo o Brasil, no interior ou em capitais,
é possível encontrar morros sendo desmatados, vales aterrados e muitas casas
sendo construídas em locais distantes das redes de água e de esgoto públicas,
provocando o surgimento da perigosa alternativa de se entregar à própria
população a operação e manutenção de estações de esgoto ou captação de água.
Uma alternativa de solução para atender às demandas justas da comunidade está
na elaboração de planos, na utilização do planejamento para execução de
projetos e obras sustentáveis e, como base para todo o sucesso da criação de
cidades humanizadas, na escolha de gestores competentes.

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