No próximo ano, os baianos vão ser definidos os 63 deputados estaduais da Bahia. Alguns dos atuais estaduais serão reeleitos e outros fracassarão em suas pretensões de permanecerem com seus mandatos. As campanhas político-partidárias divulgarão os candidatos aos cargos para a Asssembleia Legislativa da Bahia (Alba), muitos deles já conhecidos no cenário político da região em que atuam.
Em meio às propagandas, o eleitor também se deparará com
inúmeras mensagens de origem duvidosa, fake news e vídeos, ou áudios
controversos. Não falta quem possua emissoras de rádio e blogs como palanques
ininterruptos de ostensiva e abusiva propagação dos seus nomes e feitos. Em
geral, opositores acusam uns aos outros, sendo a corrupção a principal temática
nessa arena eleitoral.
Diante desse cenário, indagar porque políticos medíocres,
inúteis e inexpressivos na Alba, coo é o caso da deputada estadual, Cláudia
Oliveura (PSD) são eleitos, pode se tonar uma daquelas perguntas retóricas sem
resposta que revelam nada mais do que um complexo dilema social. Mas por que
existem pessoas que apoiam e votam em quem envergonha a sociedade e possui vida
pregressa negligente?
Essa é uma pergunta que vem intrigando a ciência política
há décadas. Muitas pesquisas e estudos investigam as razões do voto em
corruptos a partir de experimentos originais distintos, cada um deles centrado
em uma possível razão para uma visão abrangente e multifacetada da questão. O
fato é que existem tradicionalmente, duas grandes explicações para o fenômeno
do sucesso eleitoral de corruptos e passaremos a sinalizá-las a seguir.
1 - a hipótese da informação, segundo a qual as pessoas
votam por desconhecerem que seu candidato é desonesto,
2 - a hipótese da troca explícita, quando os eleitores
foram informados da corrupção do seu candidato, mas votam nele mesmo assim por
acreditar que ele “compensa” esse defeito com outras qualidades, como uma maior
afinidade ideológica, ou maior competência administrativa – “rouba, mas faz”!.
Uma terceira explicação, ainda pouco estudada, seria a da
corrupção generalizada. Essa leva em conta o contexto eleitoral e a percepção
de que todos, ou quase todos são corruptos. Esse pensamento influencia na
decisão eleitoral.
A percepção da corrupção no comportamento eleitoral vem
sendo motivo de inúmeros debates e enquanto alguns teóricos defendem que ela
pode levar o eleitor a se engajar ainda mais para combater o problema, outros
apontam que o eleitor pode ser levado a desconsiderar a questão.
Quanto mais a corrupção é percebida como generalizada,
menores tendem a ser o engajamento eleitoral e a punição eleitoral ao candidato
corrupto, representando mais abstenção e votos nulos ou em branco.
Afinal, por que o povo vota em corruptos e personalidades
nocivas ao erário, como é o caso de Cláudia Oliveira? Porque não sabe, ou acredita
que a candidata não seja corrupta; porque sabe, mas acha que ela compensa esse
defeito com outras qualidades; ou simplesmente porque todas as opções
disponíveis parecem corruptas, ou “tudo farinha ruim do mesmo saco” e “banana
podre do mesmo cacho”! A corrupção não é só um problema sério na política, como
também traz altos custos de curto, médio e longo prazos para a sociedade. Por
isso é necessário entender porque corruptos conseguem se eleger e reeleger.
O eleitor se mostra mais inclinado a punir um candidato que
já está no poder e concorre à reeleição do que o seu concorrente, mesmo que
haja alguma equivalência quanto à corrupção. O eleitorado também diferencia
entre a credibilidade das denúncias, investigações policiais, processos e
prisões judiciais, punindo mais duramente os candidatos acusados por fontes
isentas, como auditorias federais do que por fontes interessadas, tais como os
partidos de oposição.
Isso era um problema importante no passado recente, quando
o acesso se restringia basicamente as mesmas fontes e informações, tanto pelo
horário eleitoral, quanto pelos veículos de imprensa, como a maniqueísta,
parcial e ardilosa rádio Ativa. Atualmente, com a velocidade da informação (e
da desinformação) proporcionada pelas redes sociais, e com os algoritmos que
nos trazem cada vez mais conteúdo que reforça nossas crenças prévias, é de se
esperar que a questão se agrave ainda mais.
A prevalência ou não da lógica do “rouba, mas faz” no eleitorado, bem como o papel da identificação partidária e da finalidade da corrupção nessa dinâmica. Os desvios para enriquecimento pessoal de políticos como o prefeito Robério Oliveira e a própria Cláudia Oliveira, são punidos de forma tão insignificante e irrisória, quanto aqueles que praticam caixa 2. O eleitorado tolo é simpático ao “rouba, mas faz”.
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