Os números são, simplesmente, inacreditáveis - absurdamente vergonhosos. Os valores que, até o momento em que redijo estas linhas, representam uma tradução das minhas indagações e um alerta à sociedade ilheense. Mais de cinquenta milhões de reais - isso mesmo, meus amigos - foram bloqueados da atual gestão do prefeito Valderico Reis Júnior, do partido União Brasil, desde janeiro deste ano. Disponibilizo, abaixo, um gráfico com os dados exatos para que todos possam observar e refletir: seria isso justo ou razoável?
Na
minha modesta opinião, não é. Não é razoável, não é justo, tampouco admissível.
A sociedade ilheense precisa reagir. Os poderes constituídos do município devem
se posicionar nesse debate e buscar, junto aos magistrados responsáveis,
soluções que conduzam à adequação das ações e ao reequilíbrio das contas
públicas. Reitero: não é razoável que uma gestão, ainda em seu início, seja
submetida a bloqueios contínuos e sucessivos - de maneira implacável, sem
clemência e, por vezes, sem justificativa proporcional. O Ministério Público,
como instituição legitimada ao controle e à defesa dos interesses coletivos,
pode contribuir para que a justiça se estabeleça de forma equânime, sem
prejuízos ao contribuinte.
A
gestão do prefeito Valderico encontra-se praticamente imobilizada diante de
tantos bloqueios e sequestros de recursos das contas públicas. Essa realidade
limita severamente a capacidade de realização de novos projetos, restringindo a
administração à manutenção da folha de pagamento e de despesas essenciais.
Sabemos
que, neste início de ano, o pagamento do IPTU por parte dos contribuintes ajuda
a oxigenar as finanças públicas - receita que costuma manter-se até o fim de
maio. A gestão pautada na austeridade, conduzida pelo prefeito Valderico,
embora rígida, pode ter evitado danos ainda maiores decorrentes dos bloqueios
mensais. No entanto, a partir de junho, a situação tende a se agravar, dada a
redução da arrecadação, e o risco de inadimplemento de salários e proventos
torna-se cada vez mais concreto. É por esse motivo que faço este apelo à
consciência coletiva.
É
importante reconhecer que aqueles que recorrem ao Poder Judiciário têm direitos
que devem ser respeitados - e isso é indiscutível. Contudo, não se pode
esquecer que o direito coletivo também é um valor fundamental. Os direitos
individuais não podem se sobrepor, de forma irrestrita, ao bem comum. Assim, é
necessário estabelecer um equilíbrio justo, com os devidos ajustes nesta
equação complexa.
Sem
condições de realizar novos investimentos, a atual gestão tem buscado recursos
por meio de emendas parlamentares e ajustes fiscais. Deixo claro que não
defendo a negação de dívidas ou o incentivo ao inadimplemento - especialmente
em relação ao quase um bilhão de reais do passivo municipal, que inclui
precatórios, débitos fiscais, contribuições ao INSS e outras demandas
judiciais. Todos esses compromissos devem ser honrados de forma justa e
responsável.
Até
onde sei, não há registros de outra cidade brasileira submetida a uma sucessão
de bloqueios judiciais tão frequente e intensa quanto a que vem ocorrendo em
Ilhéus. Essa sucessão de sequestros de recursos assemelha-se a um verdadeiro
"massacre" das finanças públicas, desprovido de qualquer compaixão - uma realidade que, se mantida, comprometerá a saúde fiscal da administração e
poderá, inclusive, inviabilizar o pagamento de salários aos servidores. Isso
colocaria em risco milhares de famílias e provocaria impactos severos na
economia local.
Diante
disso, é imprescindível que todos nos unamos na busca por uma solução urgente.
É necessário abrir diálogo com os órgãos e entidades competentes, pois há uma
demanda premente por equilíbrio: é preciso evitar prejuízos injustos àqueles
que têm seus direitos reconhecidos pela Justiça, sem, contudo, comprometer a
sustentabilidade da gestão pública.
Reitero:
o município deve, sim, honrar seus compromissos legais. Todavia, não é razoável
nem proporcional que uma sequência incessante de bloqueios judiciais retire, de
maneira sistemática, milhões de reais das contas da Prefeitura de Ilhéus. Cabe,
agora, aos atores do Judiciário, da política e da sociedade civil organizada se
posicionarem de forma responsável.
Até
onde suportaremos essa avalanche de bloqueios judiciais mensais nas contas do
Executivo municipal? Essa é uma questão que, legitimamente, ocupa o imaginário
popular.
Ao concluir estas reflexões, reitero: já ultrapassam cinquenta milhões de reais os valores bloqueados judicialmente das contas públicas de Ilhéus. O ordenamento jurídico possui regras claras, mas suas interpretações variam - e os bloqueios parecem não ter fim. Por Jerberson Josué.
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