O motorista do ônibus, preocupado com
o resultado da novela Avenida Brasil, erra, ao traçar a curva, e em vez de
levar seus passageiros com segurança, precipita o veículo na ribanceira; o juiz
de futebol não percebe o domínio da bola com a mão, pelo jogador, valida o gol
e prejudica quatro anos de preparação de um time para ir na elite do Campeonato
Brasileiro; o advogado confunde as datas e deixa de comparecer à audiência e
sua causa é perdida por decurso de prazo; o mestre cuca esquece a receita e
carrega sal demais na comida; o jogador, diante da trave sem goleiro, esquece
sua principal arma, o chute, e deixa de ganhar o jogo para seu time, para
desgraça do torcedor; o médico se confunde e em vez de extrair o ruim
maltratado e retira o sadio, do seu
paciente; o policial erra o alvo e atinge o inocente em vez do bandido... Os
casos acima mostram como em todas as profissões os erros são passíveis de
ocorrer, alguns com conseqüências bem graves, outras nem tanto, contudo seus
autores nem sempre são desculpados e se tornam ainda mais vítimas dos seus
agozes, que se aproveitam desses momentos para tentarem diminuir suas
reputações. Mas se estão embasados por anos de dedicação ao bom
profissionalismo, geralmente superam facilmente a ocorrência, pois tem crédito
na praça. No jornalismo, principalmente o diário, não é diferente, porque o repórter,
o editor, o revisor e demais integrantes de uma redação estão sempre
pressionados pelo excesso de informações a processar, o tempo para fechar a
edição e a quase obrigação de nunca errar, como exige a sociedade, mas os erros
ocorrem, se sucedem, se multiplicam e nunca acabam. Quando estas falhas ocorrem
é quando o jornalista mais reclama da falta de socorro dos colegas, pois estes,
incrível, nunca estão por perto bisbilhotando o trabalho alheio, opinando sobre
o melhor título, a melhor foto etc. Sente-se também nesse momento uma vontade
imensa de mandar recolher todos os jornais da cidade, a fim de que ninguém veja e
leia os erros, tampouco guarde provas de falhas tão incômodas, tão fáceis de
serem evitadas. Costuma-se dizer que nos momentos em que o jornalista é traído
pela memória é porque sua cabeça está sendo martelada por satanás. Mas
recorrendo ao jargão dos evangélicos, “tá amarrado em nome do Senhor.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente no blog do Val Cabral.