Claro que a cidade de Itabuna possui características positivas, desejáveis, bem vistas, modernas e sedutoras do ponto de vista de seus moradores,
visitantes e investidores de fora. Mas, em seus 100 anos de vida a cidade cunhou traços e costumes, comportamentos e ofertas reprováveis, repulsivas até, afetando seu crescimento, sua qualidade de vida e seu conceito. São, porém seus defeitos, seus pecados capitais que merecerão ênfase nesse artigo, desatrelados de seqüência por grau de gravidade. DE POSITIVO e de fácil observação, aparece a indiscutível capital do cacau; seu pólo médico com cirurgias sofisticadas; o importante centro educacional com Faculdades e Cursos Variados; um inflado e agressivo setor do comércio e de serviços fortalecido por um shopping de verdade; uma construção civil em ebulição vomitando no mercado até meados de 2011 cerca de 2.000 novos apartamentos. DE NEGATIVO, Itabuna insiste em apresentar 20 pecados capitais por insensíveis administrações que não acompanharam a evolução da cidade por décadas, ou mesmo por aquele fator conhecido como cultura, já que impregnados no dia a dia dos valores, costumes individuais ou de grupos passados de pai pra filho. São eles:
1. ARBORIZAÇÃO E ABANDONO DAS PRAÇAS.
A cidade é pouco arborizada. Será que nossos administradores acham que cidade significa antítese de meio rural, onde predominam cacaueiros e árvores de sombras e outras, logo, verde é campo, a cidade é careca de natureza, local de asfalto e cimento? Não se plantam árvores e os velhos sombreiros, feios, disformes, raízes expostas, carcomidos pelas lagartas, desfolhados pelo outono, são insistentes, em sua sobrevida. Quanta árvore adaptável ao solo e regime de chuva é ignorada nas ruas, na Beira-Rio, na Juracy Magalhães, no estacionamento de supermercados. Locais destinados para aprovação da Prefeitura, nunca saíram da planta. Se sim, não chegaram ao fim. Perderam seus bancos, gramado e erva-daninha casados, servindo de desafogo dos aflitos, ponto de drogados e de bêbados, pastos de velhos animais de carga. Um descaso dos cegos gerentes do Município.
2. CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA.
Tanto no Comércio, quanto na oferta de Serviços é gritante o despreparo das pessoas que buscam emprego em Itabuna. Atendimento péssimo. Não sabem cozinhar, fazer limpeza, lambuzam na pintura, constroem “no facão”, digitam errado e lentamente. Não sabem atender ao telefone. Os cursos oferecidos são poucos, as vagas pequenas. Não há prática. Não sabem lidar com máquinas e equipamentos. Não há SESI, SESC, SENAI. Há sempre o receio de treinar o funcionário e depois ele procurar outro emprego, mudar-se pedir melhor salário. Locais de bom conceito, cobram caro, demoram na execução.
3. BIBLIOTECAS E LIVRARIAS
Elas são em pequeno número, incompletas, desatualizadas. A Livraria Nobel teve vida curta e inexpressiva. Não deixou saudades, mas arrastou maldição nas concorrentes do shopping. Só resta uma banca na do Bom Preço e outra nas Lojas Americanas com títulos da Revista Veja. As livrarias da cidade, uma pobreza. Bibliotecas Públicas minguadas de títulos, sem freqüentadores, seja Municipal, sejam a dos Colégios. As das Faculdades também são acanhadas e há até livros só para consulta interna. A internet é a fonte repetitiva, mastigadinha, fazendo a delícia do aluno preguiçoso e a angústia do professor.
4. O CENTRO COMERCIAL E AS FEIRAS.
Esburacados, mal cheirosos, cheios de poças, higiene péssima, eles são simples objetos de preocupação de políticos em campanha. Serão logo esquecidos. Continuarão os mesmos: mal falados, mas freqüentados, mal fiscalizados. Uma pena!
5. VIOLÊNCIA E CRACK
Comentá-los é “chover no molhado”. É sabido, Itabuna é das mais violentas do País. Morte não natural beirando a dois dígitos na semana. Imita o Rio de Janeiro. Assaltos pelo dia roubam de nossos adolescentes o relógio, o celular, a carteira, o cordão e a pulseira, até o tênis. A violência nas escolas é crescente, amedrontando professores. O Crack guloso abraça não só a periferia contamina tudo. O entorno das escolas não lhes escapa. Motos com carona e capacetes usados como máscaras podem tudo, aterrorizam a todos. Quem é o mocinho, quem é o bandido de moto? Somos todos impotentes e medrosos. O policiamento é fraco, insuficiente diante de tanta agressividade da rua.
6. O CACHOEIRA E O CANAL LAVA PÉS.
Ambos estão intoxicados com o lixo e o esgoto que recebem diariamente. São fétidos, principalmente se falta a chuva. Se a chuva é muita, traz ameaças. Paraíso de mosquito, rato, cobra, afetando boa parte da cidade e o visual de toda ela. Latas, caixas, paus, mato formam o conjunto freqüente, assustando o visitante, que não entende essa estranha convivência e a indiferença das autoridades.
7. SAÚDE.
Sabemos ser o grande problema do Brasil, mas temos mais de 300 médicos, um batalhão de paramédicos. Quatro hospitais, dúzias de clínicas e consultórios. Apesar disso, mesmo quando conveniados, as consultas são para daqui a um ou dois meses. Mesmo para aqueles médicos pouco conceituados, que não lhe auscultam, nem olham pra você. Internação, quando aparece a vaga é com outro doente, com quem você irá trocar papos depressivos ou roncos e gemidos. A espera nas salas dos médicos é outro momento desanimador.
8. RODOVIÁRIA.
A de Itabuna não cabe mais: local e tamanho já estão superados. As manobras são difíceis e arriscadas. A espera é desconfortável. Itabuna merece coisa melhor, mesmo que mais distante. Os exemplos estão por todo o Brasil.
9. EMPREGO E SALÁRIO
Se você se formou em Administração, Economia não arranja nada, nem com minguado salário. Empregos para trabalho de pouca qualificação ou braçal também é difícil e se corre o risco de ser mais um pedinte a importunar o passante. E o interior da Região, quebrado, não para de expulsar gente do cacau ou das cidadezinhas para Itabuna. De janeiro a abril o Setor Comércio e Serviços fechou mais que abriu vagas com carteira assinada. Esse também foi o comportamento dos últimos doze meses, informou o Ministério do Trabalho e do Emprego.. Feira de Santana, Juazeiro, até Alagoinhas empregaram mais que Itabuna, nesses períodos. E você está embasbacado com o nível das construções... O bolo salarial somados todos aqueles empregados é grande, mas raramente os salários passam do mínimo. É pequeno! O tempo de Serviço geralmente não é reconhecido na remuneração.
10. BARULHO.
A cidade é reconhecidamente ruidosa. Barulhenta. Sons altos de todo tipo passeiam, principalmente pelo Centro. Buzinasso por qualquer motivo, não bastasse o barulho dos carros em movimento. Alto-falantes de propaganda de lojas, dos conjuntos musicais, dos políticos em campanha ou em visitas, dos religiosos. Nossos sensíveis ouvidos e os decibéis da lei não são respeitados. O repouso após 22 horas também não. O exercício da baianidade tem de ser democratizado, a alegria tem de ser repartida sem consultar ao cidadão.
11. ÁGUA E ESGOTO.
Há locais em que a água só chega em 15 dias. Promessas de captação ampliada e solução não chegam às torneiras, seja de doadores como Ferradas ou rios de nomes desconhecidos. Apesar de não trazerem definitiva resolução, são aguardados com ansiedade pelas populações desses bairros. O problema do esgoto é grave. Choca-nos quando sabemos ser de somente 20% nossa rede de esgoto. Hoje camadas pobres são sabedoras dos males causados pelo não saneamento básico. As autoridades nada fazem a respeito, a não ser cobrar, até pelos 80% não executados.
12. OS BANCOS
No Paraíso com lucros abusivos e soltos no aplaudido Governo Lula, eles abusam não só nas operações bancárias. As leis do atendimento, desobedecidas, causam filas enormes, não adiantando espernear, gritar a perda de tempo, o estresse. Os atalhos só para os amigos dos gerentes. Ninguém os pune. As filas de idosos, grávidas e doentes às vezes são maiores. Ninguém se sensibiliza.
13. INADIMPLÊNCIA
O itabunenese é inadimplente pela própria natureza (há exceções). Ele nasce e suas primeiras palavras são a conjugação do presente do indicativo do verbo inadimplir: “eu inadimplo, tu inadimplas, ele...”, disse-me um amigo. Se você se considera sério e, em viagem a outras regiões ou ao sul do Brasil, cuidado ao retirar o cheque para fazer uma transação. Certamente lhe dirão: “gostei do senhor, mas me perdoe! Não aceitamos cheque de Itabuna”. Você fica envergonhado. Aconteceu comigo, no Ceará. Também pessoas jurídicas conjugam esse verbo.
14. TRANSITO E ESTACIONAMENTO
Ambos estressam o mais relaxado do(a) motorista. Nunca, em 40 anos, vi engarrafamento em Itabuna. Se você sai de carro, não é só a Ruffo Galvão quem lhe trará problema. É todo o Centro e o caminho para o Shopping. Itabuna evoluiu e não inventaram novas ruas, novos fluxos. Você quer estacionar? Não dá pra quem quer a Zona Azul. As garagens, os espaços para bancos, prédios públicos, motos, donos das lojas ocupam os poucos reservados para idosos. E você fica como peru, rodando...
15. O BOM PREÇO
Este nos seduziu e nos abandonou. Ele e os bancos são os campeões do desrespeito para com o cidadão. Sua indiferença nos choca. E nós, deixamos o carrinho cheio e vamos embora ou esperamos na fila, caixas que trabalham quatro horas, recebendo metade do salário mínimo, parando para verificar preço, pra trocar turno, por qualquer defeito na máquina: o cliente a nos coitados dos chateados empregados. Espanhóis, principalmente, nos exploram a todos. Rezo pra que competidos venham logo. Sacanas!...
16. A CINQUENTENÁRIO.
Mesmo mudando de nome ficará feia, encardida, cores em festival de mau gosto, estragada pelo tempo, marquises ameaçadoras. De nada adiantará cuidar do passeio (os pés) se as paredes (o corpo) não recebem embelezamento pro Centenário. Avenida de espaço caríssimo, a cidade não a merece se ela não cuidar das pernas para cima. A Cinquentenário é cheia de perebas no corpo, no rosto e, por mil reais cela prédio faz o tratamento de sua fachada, mas ela não se cuida das paredes, das vitrinas...
17. ILUMINAÇÃO.
Além de parte de a cidade ser pouco iluminada, trazendo a bandidagem e o medo, as entradas da cidade, às escuras, sem postes, postes sem lâmpadas não causam boa impressão. A chegada de Ilhéus sofre a tempo dessa insensibilidade. E, sem sabermos resmungar, conformistas, convivemos com esse antigo descaso.
18. BURACOS.
As crateras são normais. Até no Centro. O vizinho coloca uma estaca ou galho de árvore se os acidentes são constantes. Você cai em um dos buracos, o carro estraga e encontra fácil uns três passantes solidários que lhe ajudam. E os dias vão passando. Alguns buracos são tapados de terra, cascalho ou asfalto. Novos aparecem e a vida continua...
19. TEATRO, CENTRO DE CONVENÇÕES.
Quando cheguei a Itabuna, quase ninguém tinha Diploma Universitário ou que freqüentava raras peças de teatro e apresentações que por aqui apareciam. Hoje, não! Há um grande número de universitários e doutores de todo tipo. Pessoas que apreciam uma boa peça formam camada significativa. Mas, não temos local digno para abrigar formaturas, apresentações, reuniões que envolvam sem goteiras e riscos mais de 800 pessoas; em espaço coberto, confortável e ventilado.
20. PENSAR, ORGANIZAR, PLANEJAR
Termino aqui os 20 PORÉNS de Itabuna, apontado uma deficiência cultural desta cidade. Há duas décadas eu escrevia “Precisamos pensar Itabuna”. Ninguém pensa a cidade. As decisões são pontuais, oportunistas, em retalhos, para problemas do anteontem. Organizar, já que as chamadas Forças Vivas não se unem para encetar reivindicações, hierarquizar obras, fazer grupos de pressão. Por isso governos – principalmente, o atual de Wagner – nada trazem. Que tristeza é a nossa Bancada do Cacau! Parece mais uma “Gata espremida”. Candidatos se autodestroem na competição, são tantos deles competindo. Planejamento é só nome de Secretaria, suas preocupações são micro, pra hoje, e de nada valem onde só se fala em orçamento. E Itabuna incha e traz novos problemas como o perigo das motos, o crack e o engarrafamento do transito. Não há Planejamento, por que Itabuna não se organiza? Porque não se pensa. (Selem Rachid Asmar - é doutor pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião).
visitantes e investidores de fora. Mas, em seus 100 anos de vida a cidade cunhou traços e costumes, comportamentos e ofertas reprováveis, repulsivas até, afetando seu crescimento, sua qualidade de vida e seu conceito. São, porém seus defeitos, seus pecados capitais que merecerão ênfase nesse artigo, desatrelados de seqüência por grau de gravidade. DE POSITIVO e de fácil observação, aparece a indiscutível capital do cacau; seu pólo médico com cirurgias sofisticadas; o importante centro educacional com Faculdades e Cursos Variados; um inflado e agressivo setor do comércio e de serviços fortalecido por um shopping de verdade; uma construção civil em ebulição vomitando no mercado até meados de 2011 cerca de 2.000 novos apartamentos. DE NEGATIVO, Itabuna insiste em apresentar 20 pecados capitais por insensíveis administrações que não acompanharam a evolução da cidade por décadas, ou mesmo por aquele fator conhecido como cultura, já que impregnados no dia a dia dos valores, costumes individuais ou de grupos passados de pai pra filho. São eles:
1. ARBORIZAÇÃO E ABANDONO DAS PRAÇAS.
A cidade é pouco arborizada. Será que nossos administradores acham que cidade significa antítese de meio rural, onde predominam cacaueiros e árvores de sombras e outras, logo, verde é campo, a cidade é careca de natureza, local de asfalto e cimento? Não se plantam árvores e os velhos sombreiros, feios, disformes, raízes expostas, carcomidos pelas lagartas, desfolhados pelo outono, são insistentes, em sua sobrevida. Quanta árvore adaptável ao solo e regime de chuva é ignorada nas ruas, na Beira-Rio, na Juracy Magalhães, no estacionamento de supermercados. Locais destinados para aprovação da Prefeitura, nunca saíram da planta. Se sim, não chegaram ao fim. Perderam seus bancos, gramado e erva-daninha casados, servindo de desafogo dos aflitos, ponto de drogados e de bêbados, pastos de velhos animais de carga. Um descaso dos cegos gerentes do Município.
2. CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA.
Tanto no Comércio, quanto na oferta de Serviços é gritante o despreparo das pessoas que buscam emprego em Itabuna. Atendimento péssimo. Não sabem cozinhar, fazer limpeza, lambuzam na pintura, constroem “no facão”, digitam errado e lentamente. Não sabem atender ao telefone. Os cursos oferecidos são poucos, as vagas pequenas. Não há prática. Não sabem lidar com máquinas e equipamentos. Não há SESI, SESC, SENAI. Há sempre o receio de treinar o funcionário e depois ele procurar outro emprego, mudar-se pedir melhor salário. Locais de bom conceito, cobram caro, demoram na execução.
3. BIBLIOTECAS E LIVRARIAS
Elas são em pequeno número, incompletas, desatualizadas. A Livraria Nobel teve vida curta e inexpressiva. Não deixou saudades, mas arrastou maldição nas concorrentes do shopping. Só resta uma banca na do Bom Preço e outra nas Lojas Americanas com títulos da Revista Veja. As livrarias da cidade, uma pobreza. Bibliotecas Públicas minguadas de títulos, sem freqüentadores, seja Municipal, sejam a dos Colégios. As das Faculdades também são acanhadas e há até livros só para consulta interna. A internet é a fonte repetitiva, mastigadinha, fazendo a delícia do aluno preguiçoso e a angústia do professor.
4. O CENTRO COMERCIAL E AS FEIRAS.
Esburacados, mal cheirosos, cheios de poças, higiene péssima, eles são simples objetos de preocupação de políticos em campanha. Serão logo esquecidos. Continuarão os mesmos: mal falados, mas freqüentados, mal fiscalizados. Uma pena!
5. VIOLÊNCIA E CRACK
Comentá-los é “chover no molhado”. É sabido, Itabuna é das mais violentas do País. Morte não natural beirando a dois dígitos na semana. Imita o Rio de Janeiro. Assaltos pelo dia roubam de nossos adolescentes o relógio, o celular, a carteira, o cordão e a pulseira, até o tênis. A violência nas escolas é crescente, amedrontando professores. O Crack guloso abraça não só a periferia contamina tudo. O entorno das escolas não lhes escapa. Motos com carona e capacetes usados como máscaras podem tudo, aterrorizam a todos. Quem é o mocinho, quem é o bandido de moto? Somos todos impotentes e medrosos. O policiamento é fraco, insuficiente diante de tanta agressividade da rua.
6. O CACHOEIRA E O CANAL LAVA PÉS.
Ambos estão intoxicados com o lixo e o esgoto que recebem diariamente. São fétidos, principalmente se falta a chuva. Se a chuva é muita, traz ameaças. Paraíso de mosquito, rato, cobra, afetando boa parte da cidade e o visual de toda ela. Latas, caixas, paus, mato formam o conjunto freqüente, assustando o visitante, que não entende essa estranha convivência e a indiferença das autoridades.
7. SAÚDE.
Sabemos ser o grande problema do Brasil, mas temos mais de 300 médicos, um batalhão de paramédicos. Quatro hospitais, dúzias de clínicas e consultórios. Apesar disso, mesmo quando conveniados, as consultas são para daqui a um ou dois meses. Mesmo para aqueles médicos pouco conceituados, que não lhe auscultam, nem olham pra você. Internação, quando aparece a vaga é com outro doente, com quem você irá trocar papos depressivos ou roncos e gemidos. A espera nas salas dos médicos é outro momento desanimador.
8. RODOVIÁRIA.
A de Itabuna não cabe mais: local e tamanho já estão superados. As manobras são difíceis e arriscadas. A espera é desconfortável. Itabuna merece coisa melhor, mesmo que mais distante. Os exemplos estão por todo o Brasil.
9. EMPREGO E SALÁRIO
Se você se formou em Administração, Economia não arranja nada, nem com minguado salário. Empregos para trabalho de pouca qualificação ou braçal também é difícil e se corre o risco de ser mais um pedinte a importunar o passante. E o interior da Região, quebrado, não para de expulsar gente do cacau ou das cidadezinhas para Itabuna. De janeiro a abril o Setor Comércio e Serviços fechou mais que abriu vagas com carteira assinada. Esse também foi o comportamento dos últimos doze meses, informou o Ministério do Trabalho e do Emprego.. Feira de Santana, Juazeiro, até Alagoinhas empregaram mais que Itabuna, nesses períodos. E você está embasbacado com o nível das construções... O bolo salarial somados todos aqueles empregados é grande, mas raramente os salários passam do mínimo. É pequeno! O tempo de Serviço geralmente não é reconhecido na remuneração.
10. BARULHO.
A cidade é reconhecidamente ruidosa. Barulhenta. Sons altos de todo tipo passeiam, principalmente pelo Centro. Buzinasso por qualquer motivo, não bastasse o barulho dos carros em movimento. Alto-falantes de propaganda de lojas, dos conjuntos musicais, dos políticos em campanha ou em visitas, dos religiosos. Nossos sensíveis ouvidos e os decibéis da lei não são respeitados. O repouso após 22 horas também não. O exercício da baianidade tem de ser democratizado, a alegria tem de ser repartida sem consultar ao cidadão.
11. ÁGUA E ESGOTO.
Há locais em que a água só chega em 15 dias. Promessas de captação ampliada e solução não chegam às torneiras, seja de doadores como Ferradas ou rios de nomes desconhecidos. Apesar de não trazerem definitiva resolução, são aguardados com ansiedade pelas populações desses bairros. O problema do esgoto é grave. Choca-nos quando sabemos ser de somente 20% nossa rede de esgoto. Hoje camadas pobres são sabedoras dos males causados pelo não saneamento básico. As autoridades nada fazem a respeito, a não ser cobrar, até pelos 80% não executados.
12. OS BANCOS
No Paraíso com lucros abusivos e soltos no aplaudido Governo Lula, eles abusam não só nas operações bancárias. As leis do atendimento, desobedecidas, causam filas enormes, não adiantando espernear, gritar a perda de tempo, o estresse. Os atalhos só para os amigos dos gerentes. Ninguém os pune. As filas de idosos, grávidas e doentes às vezes são maiores. Ninguém se sensibiliza.
13. INADIMPLÊNCIA
O itabunenese é inadimplente pela própria natureza (há exceções). Ele nasce e suas primeiras palavras são a conjugação do presente do indicativo do verbo inadimplir: “eu inadimplo, tu inadimplas, ele...”, disse-me um amigo. Se você se considera sério e, em viagem a outras regiões ou ao sul do Brasil, cuidado ao retirar o cheque para fazer uma transação. Certamente lhe dirão: “gostei do senhor, mas me perdoe! Não aceitamos cheque de Itabuna”. Você fica envergonhado. Aconteceu comigo, no Ceará. Também pessoas jurídicas conjugam esse verbo.
14. TRANSITO E ESTACIONAMENTO
Ambos estressam o mais relaxado do(a) motorista. Nunca, em 40 anos, vi engarrafamento em Itabuna. Se você sai de carro, não é só a Ruffo Galvão quem lhe trará problema. É todo o Centro e o caminho para o Shopping. Itabuna evoluiu e não inventaram novas ruas, novos fluxos. Você quer estacionar? Não dá pra quem quer a Zona Azul. As garagens, os espaços para bancos, prédios públicos, motos, donos das lojas ocupam os poucos reservados para idosos. E você fica como peru, rodando...
15. O BOM PREÇO
Este nos seduziu e nos abandonou. Ele e os bancos são os campeões do desrespeito para com o cidadão. Sua indiferença nos choca. E nós, deixamos o carrinho cheio e vamos embora ou esperamos na fila, caixas que trabalham quatro horas, recebendo metade do salário mínimo, parando para verificar preço, pra trocar turno, por qualquer defeito na máquina: o cliente a nos coitados dos chateados empregados. Espanhóis, principalmente, nos exploram a todos. Rezo pra que competidos venham logo. Sacanas!...
16. A CINQUENTENÁRIO.
Mesmo mudando de nome ficará feia, encardida, cores em festival de mau gosto, estragada pelo tempo, marquises ameaçadoras. De nada adiantará cuidar do passeio (os pés) se as paredes (o corpo) não recebem embelezamento pro Centenário. Avenida de espaço caríssimo, a cidade não a merece se ela não cuidar das pernas para cima. A Cinquentenário é cheia de perebas no corpo, no rosto e, por mil reais cela prédio faz o tratamento de sua fachada, mas ela não se cuida das paredes, das vitrinas...
17. ILUMINAÇÃO.
Além de parte de a cidade ser pouco iluminada, trazendo a bandidagem e o medo, as entradas da cidade, às escuras, sem postes, postes sem lâmpadas não causam boa impressão. A chegada de Ilhéus sofre a tempo dessa insensibilidade. E, sem sabermos resmungar, conformistas, convivemos com esse antigo descaso.
18. BURACOS.
As crateras são normais. Até no Centro. O vizinho coloca uma estaca ou galho de árvore se os acidentes são constantes. Você cai em um dos buracos, o carro estraga e encontra fácil uns três passantes solidários que lhe ajudam. E os dias vão passando. Alguns buracos são tapados de terra, cascalho ou asfalto. Novos aparecem e a vida continua...
19. TEATRO, CENTRO DE CONVENÇÕES.
Quando cheguei a Itabuna, quase ninguém tinha Diploma Universitário ou que freqüentava raras peças de teatro e apresentações que por aqui apareciam. Hoje, não! Há um grande número de universitários e doutores de todo tipo. Pessoas que apreciam uma boa peça formam camada significativa. Mas, não temos local digno para abrigar formaturas, apresentações, reuniões que envolvam sem goteiras e riscos mais de 800 pessoas; em espaço coberto, confortável e ventilado.
20. PENSAR, ORGANIZAR, PLANEJAR
Termino aqui os 20 PORÉNS de Itabuna, apontado uma deficiência cultural desta cidade. Há duas décadas eu escrevia “Precisamos pensar Itabuna”. Ninguém pensa a cidade. As decisões são pontuais, oportunistas, em retalhos, para problemas do anteontem. Organizar, já que as chamadas Forças Vivas não se unem para encetar reivindicações, hierarquizar obras, fazer grupos de pressão. Por isso governos – principalmente, o atual de Wagner – nada trazem. Que tristeza é a nossa Bancada do Cacau! Parece mais uma “Gata espremida”. Candidatos se autodestroem na competição, são tantos deles competindo. Planejamento é só nome de Secretaria, suas preocupações são micro, pra hoje, e de nada valem onde só se fala em orçamento. E Itabuna incha e traz novos problemas como o perigo das motos, o crack e o engarrafamento do transito. Não há Planejamento, por que Itabuna não se organiza? Porque não se pensa. (Selem Rachid Asmar - é doutor pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião).
Muito bom artigo!!
ResponderExcluirA qualidade dos artigos deste blog é muito boa, isso da pra afirmar por meio desta postagem do sociólogo e professor Selem Rachid, que é um dos mais renomados estudiosos das nossas particularidades quanto itabunenses. E este artigo da sua autoria revela facilmente esta realidade.
ResponderExcluirSolange Vieira da Silva
Amigo Val Cabral
ResponderExcluirEste é o tipo de artigo que nos ajudam a conhecer melhor nossos problemas e nossa real situação e que faz a blogosfera mais rica em conteúdo, qualidade e boa leitura. Agradeço as informações, me foram muito úteis! O professor Selem é sempre este mesma personalidade riquíssima em inteligência e excelente potencial de formação de opinião. (Flávio Cosme de Freitas).
Graaaaaaaaaaande Val Cabral, seu blog tem muita Coisa útil para ser lida, relida e difundida. Já tem um tempinho que eu não acessa nenhum Blog e amei tudo o que há postado neste seu espaço fabulosa de informação e formação de opinião. Este artigo do professor Selem Rachid Asmar é prova inconteste deste fato.
ResponderExcluirCarlos Costa
SELEM RACHID É QUEM MAIS CONHECE ITABUNA E TEM AUTORIDADE PARA DESCREVER NOSSOS PROBLEMAS. LAMENTAVELMENTE ELE NÃO FAZ PARTE DAS PESSOAS QUE ESTÃO NO GOVERNO, COM OBRIGAÇÃO DE PENSAR, AGIR E FALAR EM CONSONÃNCIA AO BOM SENSO E AÇÕES POLÍTICAS E ADMINISTRATIVAS, QUE POSSAM ATENUAR AS DIFICULDADES QUE PROVOCAM O SOFRIMENTO DA NOSSA GENTE. KLEBER BARRETO.
ResponderExcluirConcordo em gênero e grau com tudo o que está descrito neste excelente artigo do Selem Rachid e o parabenizo por isto.
ResponderExcluirRicardo Tavares
Essa foi para arrebentar hein…show de bola!! Parabésn Selem Rachid... vc é o cara!
ResponderExcluirNunes
Selem é nota 10.
ResponderExcluirEle está sempre atento a tudo o que acontece, ou deixa de acontecer em Itabuna.
Luiz Cláudio Góes
Parabéns ao texto, esse texto deveria ser lido pelo prefeito e outras autoridades. como pode uma cidade dessa que amamos ficar assim?
ResponderExcluir