Deputado protagonizou a cena mais desejada pela maioria do povo |
O deputado federal Eder Mauro
(PSD-PA), que também é delegado de polícia licenciado, chamou a atenção dos
cerca de 6 mil manifestantes - segundo a Polícia Militar, 1.200 - ao simular a
prisão do ex-presidente Lula, algemando-o, durante o protesto pró-impeachment
da presidente Dilma Roussef, realizado pelas ruas centrais da capital paraense
na manhã deste domingo (13). Em frente ao Teatro da Paz, na Praça da República,
um grupo de 80 manifestantes ligados ao PT e a partidos de esquerda gritou
palavras de ordem contra o deputado, chamando-o de "fascista". A
Polícia Militar formou um cordão de isolamento entre os grupos pró e contra o
impeachment, evitando que houvesse confronto físico. "Tem que tirar esses
corruptos do poder, porque ninguém aguenta mais essa gente", disse o
estudante Jairo Soares, 22 anos, que defende não apenas a saída de Dilma, como
a do deputado Eduardo Cunha. "É tudo farinha do mesmo saco, eles só têm
feito mal ao Brasil", concordou a professora Helena Harmont, de 38. O
professor de Economia da Universidade Federal do Pará (Ufpa) Gilson Costa
afirmou que o atual governo "não representa a classe trabalhadora e os
pobres das regiões Norte e Nordeste". Para ele, o sentimento contrário à
corrupção e a favor da saída de Dilma acabou por unir setores e tendências
políticas diversas, como a direita e dissidentes de esquerda que não apoiam o
governo. Dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Pará e da
Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), além de integrantes do PT e de
partidos comunistas, disseram que as manifestações pró-impeachment representam
a mobilização da "direita e reacionários" que apoiaram o golpe
militar de 1964 e que agora querem dar outro golpe, mais uma vez "rasgando
a Constituição" para depor uma presidente eleita pelo voto democrático.
Segundo José Marcos Fonteles de Lima, o "Marcão", um dos líderes da
CTB, a data de hoje, escolhida pela direita para a manifestação, é a mesma que
em 1968 mergulhou o país no Ato Institucional nº 5, o AI-5, que cassou
políticos e perseguiu opositores do regime militar. "Eles não vão
conseguir dar outro golpe, porque esse movimento a cada dia está mais
esvaziado", resumiu Marcão. Por Carlos Mendes.
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