O alcoolismo tem feito muitas tragédias e destruído muitas pessoas
Da mesma maneira que o fumante, o alcoólatra tem suas raízes fincadas ao
engajamento no grupo e na necessidade de autoafirmação. Dessa forma, inúmeros
indivíduos adquirem o hábito de beber socialmente. Destilando descontração,
liberdade, coragem e tantas outras compensações, o álcool dá um frágil apoio ao
ego dos que, iludidos, engolem esse sombrio aliado. A timidez é uma das maiores
causas do alcoolismo. A falta de coragem diante de uma decisão a ser tomada, o
relacionamento com o sexo oposto, ter que falar em público, enfim, toda vez que
o sujeito fica em evidência, se inibe e se fecha, e envergonhado por sentir
medo escapa, recorrendo ao "copo amigo"... Alegria, risos, euforia,
relaxamento e ousadia, invadem a personalidade daquele que antes estava no
gargalo do pavor. Porém, passando o efeito, tudo volta como antes, e de carona
chega a ressaca, que deprime. O artifício o expôs e sua autocensura o condena,
esse inferno vivido por quem busca na bebida uma saída acaba se tornando um
ciclo vicioso. Mais lesivo que o tabagismo, o alcoolismo além de prejudicar o
próprio indivíduo atinge o entorno de seu convívio. Um porre de ressentimentos
desestabiliza a família. A aflição de ver uma vida se destruir, o vexame para
com a sociedade, as desavenças e os filhos tendo um péssimo exemplo, convergem
quase sempre a um triste desfecho, cruel e irreversível: a morte. E desse
jeito, que pode até parecer exagerado, muitos chefes de família partiram desse
mundo deixando um misto de dor, alívio e saudades... No entanto, não devemos
decretar a "lei seca" de modo irracional, misturando álcool e demônio
no mesmo gole. Mas, sentir o prazer da degustação, montando no cavalo e não
sendo por ele arrastado... Quem conhece seus limites, toma ciência do tamanho
do seu copo e não o deixa transbordar, na sobriedade dosa suas doses...
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