Lula manipula Dilma, que é sua boneca de ventríloquo |
Em depoimento à
Justiça Federal, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira/22
que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "jamais interferiu" no
seu governo, nem mesmo em suas atribuições como ministra-chefe da Casa Civil.
Ela disse ainda que "não tem conhecimento" de que Lula tenha
solicitado vantagens indevidas. "Ele é absolutamente respeitoso",
defendeu. Por meio de videoconferência, Dilma foi ouvida como testemunha na
ação que investiga negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças
suecos do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos
fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627.
Na audiência, Dilma afirmou ainda que o processo de transição com a gestão de
Lula foi "extremamente respeitoso". Sobre a compra dos caças, Lula
teria dito apenas que ele não decidiria sobre a questão em seu governo e que
isto ficaria para o mandato da petista. Segundo ela, a escolha pelos caças
suecos ocorreu principalmente pela possibilidade de o Brasil participar do
processo de desenvolvimento do projeto. Questionada se Lula ou o Instituto Lula
alguma vez intermediaram algum encontro com o agora primeiro-ministro sueco
Kjell Stefan Löfven, Dilma respondeu que suas relações foram "poucas com o
instituto" e que o ex-presidente "jamais intermediou esse tipo de
relação". "Ele jamais interferiu em encontros que diziam respeito à
minha área de atuação", destacou. Dilma lembrou que a Medida Provisória
627 marcou o seu rompimento com a base aliada do governo petista, com as
chamadas "pautas-bomba". Na época, ela vetou diversos
"jabutis" (temas estranhos à matéria) incluídos por parlamentares ao
texto. A ex-presidente justificou que não vetou o artigo que beneficiava o
setor automobilístico porque era o único ponto "neutro", que não
teria impacto momentâneo na economia. "Posso vetar várias, mas não posso
vetar todas, poque seria um desrespeito com o Legislativo", disse.
"Não se tratava de nenhuma renúncia fiscal, e sim de prorrogar uma isenção
que já vinha anteriormente. Não havia arrecadação derivada dessa medida,
tratava-se de uma prorrogação. A parte mais grave da MP foram as novas medidas
de isenção que eles introduziram. A Fazenda era contra qualquer isenção fiscal,
agora, quando chega na hora de votar, lembre que meus vetos passaram a ser
submetidos à apreciação do Congresso", disse. Em dois momentos, Dilma fez
questão de responder aos questionamentos da Procuradoria da República, mesmo
quando o juiz e advogados de defesa interferiram para dizer que ela já tinha se
manifestado sobre a pergunta. O caso é investigado no âmbito da Operação
Zelotes, na qual são réus Lula e seu filho, o empresário Luis Cláudio. Ambos
foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por tráfico de
influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa em dezembro de 2016. Na
denúncia, a Procuradoria da República afirma que Lula, já na condição de
ex-presidente, "integrou um esquema que vendia a promessa de que ele
poderia interferir junto ao governo para beneficiar as empresas MMC, grupo Caoa
e SAAB, clientes da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia
LTDA (M&M)". Em troca, afirma o MPF, o casal de lobistas Mauro
Marcondes e Cristina Mautoni, donos da M&M, repassaram a Luis Cláudio pouco
mais de R$ 2,5 milhões. Outras duas testemunhas do MPF foram ouvidas nesta
quinta-feira sobre o caso: Luiz Alberto dos Santos, consultor legislativo que
trabalhou na Casa Civil entre 2003 e 2014, e Bengt Janér, representante da Saab
no Brasil. Por Julia Lindner.
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