Da janela do décimo andar, do edifício onde moro na “cidade da Bahia” (assim o escritor Jorge Amado chamava Salvador) observo há 11 dias um espetáculo inesperado, neste explosivo verão
soteropolitano, do qual gregos, cariocas e, principalmente, baianos seguramente não esquecerão tão cedo. Engana-se quem imagina que vou escrever sobre algum novo sucesso musical, ou mesmo a respeito de nova coreografia ensaiada nos blocos de corda puxados, a cotação de ouro, pelas grandes celebridades do Axé da Bahia - Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Durval Lelis, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, entre outros. Falo de um inesperado show diário dos últimos dias, nos céus de Salvador, assunto ao qual retornarei no final deste artigo sobre as greves de PMs e bombeiros e o Carnaval na Bahia e no Rio de Janeiro. Antes, é preciso dizer que os citados artistas da terra, aliás, andaram estranhamente silenciosos e omissos nestes dias de cão para seus conterrâneos, salvo uma ou outra postagem mais ou menos complacente no twitter “em favor da paz”, como em todo Carnaval. Protestos mais diretos e explícitos só vieram de fato a partir da última terça-feira. Então, gravações com os grampos telefônicos efetuados pelo sistema eletrônico Guardião, do Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Governo da Bahia, foram levadas ao ar na voz grave de William Bonner, no Jornal Nacional. Nos telefonemas grampeados pelo Guardião (montado no primeiro mandato do governador Jaques Wagner sob a justificativa de “monitorar com aprovação da justiça e impedir evasões fiscais), líderes da greve (ou motim?) falavam de ações violentas em rodovias e nas ruas da capital e cidades do interior. Conversas que iriam deixar a presidente Dilma (entrevistada vestida em uniforme de campanha das Forças Armadas) “estarrecida”. Isso durante uma visita presidencial realizada em companhia do notório ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, prefeitos, vereadores, anônimos papagaios de pirata e políticos do Nordeste com presença nacional. Tudo a propósito de inspecionar e anunciar mais dinheiro para as obras de transposição das águas do São Francisco (o rio da minha aldeia) em ano de eleições municipais. Amaldiçoado quem pensar mal destas coisas. Em um dos grampos apresentados no noticiário de maior audiência do País, dirigentes do movimento da PM falavam da intenção de “acabar com o Carnaval deste ano em Salvador e no Rio de Janeiro”. Cometeram aí talvez o mais grave erro de estratégia de um movimento onde os equívocos se sucediam quase todos, até então, na área de atuação do governo Jaques Wagner, ele próprio confessadamente apanhado “de surpresa” quando acompanhava a presidente Dilma em viagem ao Caribe (Cuba e Haiti). Isso se evidenciaria, horas mais tarde, na operação do Exército e Polícia Federal para desocupar o prédio da Assembleia Legislativa. O fotogênico cartão-postal no Centro Administrativo da Bahia fora ocupado desde o começo da greve e transformado em quartel-general grevista. Tambor de ressonância política nacional e internacional do comando do movimento de rebelião na PM, que alcançou até as páginas seletíssimas do New York Times e as telas e microfones da Al Jazeera. A divulgação dos grampos no JN foi celebrada em Brasília e Ondina. E seguida da desocupação da Assembleia e prisão de dois dos principais líderes grevistas (Marco Prisco, em Salvador, e o bombeiro Benevenuto Daciolo, este ao desembarcar no Rio de Janeiro quando retornava da greve e tumultos da capital baiana, para cuidar mais de perto da greve de sua própria corporação. A paralisação dos policiais militares, bombeiros e Polícia Civil no Rio foi afinal decretada na noite de quinta-feira, embora sem a presença do líder bombeiro, agora recolhido a uma prisão de segurança máxima, em Bangu. O baiano Marco Prisco, depois de rápida passagem pelo Quartel General do Exército, em Salvador, foi transferido para uma cadeia pública de Salvador. Ambos agora transformados em “presos políticos”, para seus aliados, ou valiosa “moeda de troca” para os que o mandaram para a prisão. O futuro das greves (ou motins?) é difícil de prever por enquanto. É certo, no entanto, que o carnaval pode muito (política, cultural, jornalística e economicamente). Tanto na Bahia, do petista Jaques Wagner, quanto no Rio de Janeiro, do peemedebista Sérgio Cabral. Os dois, aliados e protegidos da presidente Dilma. Comecei esta linhas escrevendo sobre o fascinantemente arriscado bailado dos helicópteros militares nos céus de Salvador, a serviço da Força Nacional de Segurança. É este o espetáculo que assisto há mais de uma semana, várias vezes ao dia, da janela do apartamento onde moro, a poucos metros do heliporto do Colégio Militar do Exército. No primeiro dia de voos rasantes e espetaculares, um garoto, que presumo não ter mais de 8 anos, na janela um andar abaixo do meu, grita, aparentemente tomado mais pelo fascínio da fantasia infantil que pelo temor espalhado na população: “Corra, pai. Venha ver os aviões!. É guerra, é o Exército, é o Exército. Massa, pai!”. Mas, com a repetição diária tudo vai virando rotina. Até o barulho dos aparelhos no ar, a exemplo do que passa mais uma vez na frente da minha janela, quando escrevo esta linhas. Nem o garoto se impressiona mais. Ontem, falava-se que outra Força Nacional, com 14 mil homens, tanques e helicópteros estava à disposição de Cabral para ser mandada, também por Brasília, para atuar no Rio. Imagino, de Salvador, que o espetáculo e o barulho na Cidade Maravilhosa, às vésperas do Carnaval, deverão ser ainda maior e os resultados igualmente imprevisíveis. A conferir. (Vitor Hugo Soares).
soteropolitano, do qual gregos, cariocas e, principalmente, baianos seguramente não esquecerão tão cedo. Engana-se quem imagina que vou escrever sobre algum novo sucesso musical, ou mesmo a respeito de nova coreografia ensaiada nos blocos de corda puxados, a cotação de ouro, pelas grandes celebridades do Axé da Bahia - Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Durval Lelis, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, entre outros. Falo de um inesperado show diário dos últimos dias, nos céus de Salvador, assunto ao qual retornarei no final deste artigo sobre as greves de PMs e bombeiros e o Carnaval na Bahia e no Rio de Janeiro. Antes, é preciso dizer que os citados artistas da terra, aliás, andaram estranhamente silenciosos e omissos nestes dias de cão para seus conterrâneos, salvo uma ou outra postagem mais ou menos complacente no twitter “em favor da paz”, como em todo Carnaval. Protestos mais diretos e explícitos só vieram de fato a partir da última terça-feira. Então, gravações com os grampos telefônicos efetuados pelo sistema eletrônico Guardião, do Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Governo da Bahia, foram levadas ao ar na voz grave de William Bonner, no Jornal Nacional. Nos telefonemas grampeados pelo Guardião (montado no primeiro mandato do governador Jaques Wagner sob a justificativa de “monitorar com aprovação da justiça e impedir evasões fiscais), líderes da greve (ou motim?) falavam de ações violentas em rodovias e nas ruas da capital e cidades do interior. Conversas que iriam deixar a presidente Dilma (entrevistada vestida em uniforme de campanha das Forças Armadas) “estarrecida”. Isso durante uma visita presidencial realizada em companhia do notório ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, prefeitos, vereadores, anônimos papagaios de pirata e políticos do Nordeste com presença nacional. Tudo a propósito de inspecionar e anunciar mais dinheiro para as obras de transposição das águas do São Francisco (o rio da minha aldeia) em ano de eleições municipais. Amaldiçoado quem pensar mal destas coisas. Em um dos grampos apresentados no noticiário de maior audiência do País, dirigentes do movimento da PM falavam da intenção de “acabar com o Carnaval deste ano em Salvador e no Rio de Janeiro”. Cometeram aí talvez o mais grave erro de estratégia de um movimento onde os equívocos se sucediam quase todos, até então, na área de atuação do governo Jaques Wagner, ele próprio confessadamente apanhado “de surpresa” quando acompanhava a presidente Dilma em viagem ao Caribe (Cuba e Haiti). Isso se evidenciaria, horas mais tarde, na operação do Exército e Polícia Federal para desocupar o prédio da Assembleia Legislativa. O fotogênico cartão-postal no Centro Administrativo da Bahia fora ocupado desde o começo da greve e transformado em quartel-general grevista. Tambor de ressonância política nacional e internacional do comando do movimento de rebelião na PM, que alcançou até as páginas seletíssimas do New York Times e as telas e microfones da Al Jazeera. A divulgação dos grampos no JN foi celebrada em Brasília e Ondina. E seguida da desocupação da Assembleia e prisão de dois dos principais líderes grevistas (Marco Prisco, em Salvador, e o bombeiro Benevenuto Daciolo, este ao desembarcar no Rio de Janeiro quando retornava da greve e tumultos da capital baiana, para cuidar mais de perto da greve de sua própria corporação. A paralisação dos policiais militares, bombeiros e Polícia Civil no Rio foi afinal decretada na noite de quinta-feira, embora sem a presença do líder bombeiro, agora recolhido a uma prisão de segurança máxima, em Bangu. O baiano Marco Prisco, depois de rápida passagem pelo Quartel General do Exército, em Salvador, foi transferido para uma cadeia pública de Salvador. Ambos agora transformados em “presos políticos”, para seus aliados, ou valiosa “moeda de troca” para os que o mandaram para a prisão. O futuro das greves (ou motins?) é difícil de prever por enquanto. É certo, no entanto, que o carnaval pode muito (política, cultural, jornalística e economicamente). Tanto na Bahia, do petista Jaques Wagner, quanto no Rio de Janeiro, do peemedebista Sérgio Cabral. Os dois, aliados e protegidos da presidente Dilma. Comecei esta linhas escrevendo sobre o fascinantemente arriscado bailado dos helicópteros militares nos céus de Salvador, a serviço da Força Nacional de Segurança. É este o espetáculo que assisto há mais de uma semana, várias vezes ao dia, da janela do apartamento onde moro, a poucos metros do heliporto do Colégio Militar do Exército. No primeiro dia de voos rasantes e espetaculares, um garoto, que presumo não ter mais de 8 anos, na janela um andar abaixo do meu, grita, aparentemente tomado mais pelo fascínio da fantasia infantil que pelo temor espalhado na população: “Corra, pai. Venha ver os aviões!. É guerra, é o Exército, é o Exército. Massa, pai!”. Mas, com a repetição diária tudo vai virando rotina. Até o barulho dos aparelhos no ar, a exemplo do que passa mais uma vez na frente da minha janela, quando escrevo esta linhas. Nem o garoto se impressiona mais. Ontem, falava-se que outra Força Nacional, com 14 mil homens, tanques e helicópteros estava à disposição de Cabral para ser mandada, também por Brasília, para atuar no Rio. Imagino, de Salvador, que o espetáculo e o barulho na Cidade Maravilhosa, às vésperas do Carnaval, deverão ser ainda maior e os resultados igualmente imprevisíveis. A conferir. (Vitor Hugo Soares).
Aumento de salário a deputados pode custar R$ 1,8 bi a municípios, diz CNM
ResponderExcluirCongresso aprovou elevação de salário de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil.
Salário de deputado estadual e vereador é atrelado ao de deputado federal(pulbicado pelo G1 na data acima)
Enquanto isso em todo o Brasil as tentativas de PMs, BMs e classes trabalhadoras tentarem aumentar em seus vencimentos miiseros R$ 700,00 são classificados como marginais que querem de mais.O anuncio relata um aumento para parlamentares estaduais de R$ 10.000,00 fora as regalias e ilicitudes que pra eles nunca é considerado CRIME.E o que seria crime? Talvez protestar a isso?ou cruzar os braços para pedir apenas 0,5% 'disso' que eles conseguem aprovar para si num estalar de dedos.A lei de responsabilidade fiscal não restringe a imoralidade de reajustes de políticos?ou o demo de democracia é o mesmo demo de demônio?A GREVE É ILEGAL já virou um jargão da própria justiça contra homens e mulheres que realmente trabalham nesse país, alías faço minhas as palavras de Renato:Que país é esse....
Sou contra a greve apenas por causa das mortes que aconteceram desenfreadamente estes dias.
ResponderExcluirAgora a faixa salarial da PM é espantosamente vergonhosa.
O lucro gerado pelo carnaval NUNCA é dividido para a população e se comparado ao salário dos policiais aí sim, é espantoso
O interessante nisso tudo é que o governo preocupa-se apenas com o carnaval, ou seja com os milhões que irão adentrar para os cofres públicos o governo garante que mesmo com a greve haverá carnaval, que eles irão fazer a segurança, então vai aqui a minha pergunta: Pra que policia então? Se o governo disse que fara a segurança no carnaval, estão gastando dinheiro atoua para pagar esse monte de policial, não acham? E ainda teve alguém que foi pra TV dizer que o policial ganhava dinheiro do povo pra defender e armava motin pra que não houvesse carnaval, gostaira muito que fosse diferente mais infelizmente no Brasil tem que ser assim, se o policial ganha dinheiro do povo o governo ganha muito mais pra fazer um pessima gestão, tenho certeza de que se os policiais fossem bem remunerados isso não existira, agora uma pessoas sai de casa arrisca sua vida, sai do seio da sua familia e não sabe se retornara e ganha uma miséria que mal da pra alimentar sua familia e o governo ainda quer que eles achem bom, não têm nem o direito de fazer greve, tem que aceitar tudo calado. Me deixe viu. Só no Brasil mesmo essa falta de vergonha e de respeito.
ResponderExcluirA luta dos policiais é muito maior do que qualquer festa, até porque para elas ( festas ) acontecerem precisam do trabalho desses guerreiros, que desde a criação da PM são usados para fins políticos. Liberdade, justiça e igualdade para os policiais que não querem mais serem usados como instrumento de opressão. Quem tem ouvido, ouça!
ResponderExcluirkkk quanta namera...arida quanta nameraaaaa.....sabem porq ,prefeitos,vereadores, deputados,senadores,juizes,promotores,coroneis, delegados, almirantes, brigadeiros, secretarios,...medicos...etc..nao fazem greve?.....porq ganham bem neh...kkkkk......eh soh mexer no bolso de salim q ele fica bravo neh kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirESTA PESSOA E SIMPLISMENTE UM COLUNISTA E NADA MAIS PARA FALAR DE SEGURANÇA COM TANTA EXATIDAO AINDA MAIS DA BAHIA EU NAO VI NENHUMA RELAÇAO DE CARNAVAL COM A GREVE O QUE VI FOI UM SUFOCO DESTE PSEUDO GOVERNADOR DA BAHIA QUERER ATRELAR ALHOS COM BUGALHOS AGORA NAO PODE NEGAR QUE ESTE MOTIM TINHA CONOTAÇAO PARA ACABAR COM O CARNAVAL ELES FIZERAM UMA AMEAÇA VELADA SOMENTE ISTO
ResponderExcluirOs caravais são luxuosos os salários dos PMs de fome. Corrupção do governo sai todo os dias no jornal e ainda acha quem defenda esta situação.
ResponderExcluirFantástico!! Todos querendo tirar proveito de alguma forma, o governo guardando as gravações para serem usadas em algum momento de forma política, até a Globo se sentir ameaçada no Rio com o seu milionário carnaval.
ResponderExcluirOs artitas locasi, TODOS!!! Preocupados com a mídia, calados e omissos. Prefeitura, deputados e vereadores???
Alguém ouviu falar??? Pobre Bahia, projeto ladeira a baixo...
A luta dos policiais é muito maior do que qualquer festa, até porque para elas ( festas ) acontecerem precisam do trabalho desses guerreiros, que desde a criação da PM são usados para fins políticos. Liberdade, justiça e igualdade para os policiais que não querem mais serem usados como instrumento de opressão. Quem tem ouvido, ouça!
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