BASSUMA PREGA A SUSTENTABILIDADE

O deputado federal Luiz Bassuma (PV) participa da sua primeira disputa eleitoral para o governo do estado. Em seu currículo, o candidato traz a experiência de quatro mandatos parlamentares consecutivos sem nunca ter conhecido uma derrota nas urnas. Assim como Bassuma, o Partido Verde faz a sua iniciação como legenda independente na Bahia. Para viabilizar a sua vitória, o postulante deposita suas fichas em um programa de governo elaborado com participação da sociedade e adequado às proposições idealizadas pelo PV ao longo da sua história. “O coração e o pulmão do nosso processo político é a quebra de paradigma da governabilidade. Todos os candidatos apresentam um programa de governo e ganham a eleição com base nele, que é mais teórico do que prático. Em nome da tal governabilidade começam os conchavos de alianças e aí vai para a lata do lixo parte do programa”, afirma Bassuma. Para o candidato verde, as alianças devem ser em torno do projeto e não servir a outros interesses como vem sendo feito ao longo dos últimos anos. Sobre as dificuldades que poderiam surgir para viabilizar projetos na Assembléia Legislativa, Bassuma defende o amplo debate com a sociedade civil organizada como forma de pressionar o Legislativo para aprovar projetos importantes. “Nenhum político eleito com o voto desta sociedade vai se opor a um projeto que tenha sido aprovado por ela. Em todas as esferas, desde o presidente até o vereador de pequeno município, todos tremem diante da vontade do povo. Tenho convicção de que isto funciona”, argumenta. Entre as diretrizes do PV, o postulante destaca quatro para trabalhar prioritariamente, caso seja eleito. “Educação pública de qualidade; acesso universal à saúde; o direito de ir e vir com segurança, além da utilização de energia sustentável. Na análise que faço sobre a Bahia, percebo que a educação vai mal, a saúde pior e a segurança está um caos”, avalia. Para a educação, a principal bandeira da legenda é a de construir as bases para a erradicação do analfabetismo funcional. “Vamos investir na figura central do processo: o professor. O professor precisa ser bem remunerado, ter um salário justo diante da função que exerce na sociedade, além de entrar num processo permanente de qualificação. Também trabalhamos com a ideia de darmos autonomia às células que chamamos de escolas. Autonomia ao diretor de cada célula, diretor que, além de ser eleito, tem o compromisso com a escola e com a sociedade”, revela Bassuma. O programa prevê ainda a consolidação dos conselhos comunitários, formados por pais, alunos, professores e funcionários das escolas. O incentivo à produção acadêmica como forma de construir conhecimento no estado para solucionar problemas regionais integra a lista de ações para o eixo. FIM DA CORRUPÇÃO NA SAÚDE - Segundo Bassuma, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos modelos de atenção à saúde mais interessantes do mundo. “Se ele estivesse funcionando direito nas últimas décadas, não era preciso nem existir plano de saúde no Brasil. Contudo, está claro que estamos há anos-luz disso”, lamenta. O candidato do PV é membro da comissão de seguridade social e da família no Congresso Nacional há cinco anos, algo que segundo ele, o tornou um especialista no assunto, mesmo sendo engenheiro por formação. “Nesse período, descobri que o principal problema desta área é a corrupção. Estimativas dão conta de que cerca de 40% dos recursos aplicadas em saúde pública são desviados. Um setor que tem o maior orçamento do Brasil, 10% do PIB são aplicados nesta área. Nosso governo quer tapar o ralo da corrupção. Esta é a nossa maior proposta”, garante. Entre as propostas da legenda para a saúde estão: municipalizar dois hospitais estaduais e apoiar as prefeituras na reestruturação e fortalecimento do SUS municipal, com o intuito de evitar a sobrecarga dos hospitais de referência do estado. “Programas da saúde da família e de agentes comunitários, entre outros de prevenção, precisam ser intensificados. São resolvidos muitos problemas da saúde com soluções básicas como educação alimentar. Sem contar que isto ainda colabora para uma economia significativa para o Estado”, defende Bassuma. O combate ao crime organizado é apontado como prioridade nos quatro anos de governo de Bassuma, caso tenha êxito. Uma proposição do PV para a segurança pública é o fortalecimento das corregedorias das polícias Civil e Militar. “Eu tenho certeza que a maioria dos policiais são honestos, trabalhadores e dignos. No entanto, basta um corrupto para comprometer todo o trabalho de equipe, tanto do ponto de vista prático, quando este fornece informações privilegiadas para criminosos, quanto na relação com os cidadãos”, explica. PV QUER DESENVOLVIMENTO - Para infraestrutura do estado, Bassuma não aceita outro desenvolvimento se não o sustentável, que, segundo ele, é o que se espera de um governo que planeja para o médio e longo prazo. “A Bahia está muito atrasada no modelo de sustentabilidade. Enquanto aqui 50% do ICMS, que é o principal imposto de arrecadação do estado, é pago por 16 empresas, no Rio Grande do Sul contribuem um milhão de empresas. Aqui está hiperconcentrado”, alerta. O candidato coloca o incentivo à micro e pequena empresa como ponto-chave para o desenvolvimento. Estimular o cooperativismo também aparece como eixo prioritário no programa do PV. No tangente à infraestrutura logística para escoamento de produção, o postulante promete implantar um programa constante de conservação e melhorias da malha rodoviária. Para além, segundo Bassuma, ampliar rodovias, revitalizar ferrovias e aeroportos também estão nos planos do candidato do PV. MATRIZ ENERGÉTICA LIMPA - Quando questionado sobre geração e distribuição de energia, Bassuma é taxativo. “A Bahia é o estado que tem maior potencial para ser referência mundial em matriz energética limpa, principalmente eólica e solar”, defende. Para ele, diante de tantos impasses, já passou da hora de investir no desenvolvimento destas soluções. Como exemplo, o postulante revela que existe um mecanismo de energia solar que permite a instalação de células independentes nos postes de iluminação pública que poderia substituir o atual trazendo uma economia significativa para os municípios e para a população, já que são cobradas as taxas de iluminação pública. “O investimento inicial pode até parecer alto, mas quando se dilui isto, percebe-se que não só é viável como é mais barato”, diz o ex-petista. O programa de governo do PV estabelece ainda as diretrizes para diversos outros segmentos da administração pública, todos permeando a máxima da sustentabilidade e benefícios para a população. BAHIA ESTÁ LONGE DE ALIAR SEU EFETIVO AO PADRÃO INTERNACIONAL - De acordo com o candidato neoverde, a Bahia está longe de aliar seu efetivo aos padrões internacionais, que determinam 45 mil policiais para cobrir a população baiana. Atualmente, segundo Bassuma, o estado dispõe de 32 mil agentes. “Quantitativamente abaixo e qualitativamente mal, porque não remuneramos bem e não temos planos de cargos e salários atrativos para motivá-los”, salienta. No programa de Bassuma está prevista a criação de cursos de qualificação profissionais dentro da estrutura da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Outra proposta é a reestruturação das corporações, com investimentos em recursos compatíveis com as demandas da sociedade, para prevenir e apurar crimes. Ele garante que dinheiro para investimento existe. “Vou dar o exemplo que todo mundo usa, o do orçamento de 2009. Quando o governo Wagner gastou R$ 109 milhões com publicidade e investiu apenas R$ 26 milhões com segurança. Há aí um descompasso violento. É preciso definir claramente quais são as prioridades”, acusa. (Luiz Fernando Lima).