RIO CACAHOEIRA É NOSSO MAIOR BEM SOCIAL – Nestes tempos em que o mundo foca o debate do meio ambiente, é consenso generalizado de que água é vida. E para quem habita os sertões do Nordeste, essa afirmativa tem um significado especial. Isto porque apesar de escassa em diversos períodos do ano, sujeita a um rígido processo de evaporação e, não raro, de qualidade duvidosa, a água disponível em boa parte do nordeste (acumulada em reservatórios) ainda consegue cumprir a sua função social, matando a sede do homem do campo, matando a sede dos animais e ainda servindo de insumo para as atividades agrícolas. Embora haja quem afirme que o problema da indisponibilidade de água no Nordeste não é uma questão de chuvas ou de insuficiência de infra-estrutura de armazenamento, mas, de gestão dos recursos hídricos, permanece acalorada, neste momento, a discussão sobre a transferência das águas do São Francisco para as regiões nordestinas mais secas, como alternativa de se garantir a segurança hídrica e o reforço no consumo d’água humano e animal no meio rural. Há afirmações de ambientalistas que se a água existente no Semi-árido nordestino fosse racionalmente utilizada, ela poderia cumprir melhor sua função social, sem a necessidade dos investimentos em transposição. É bom lembrar que, apesar de sua importância estratégica, o projeto de transferência das águas do rio da integração nacional sofre críticas de vários segmentos da sociedade que se opõem a sua execução: ora são os ambientalistas que optam pela revitalização do rio, ora são integrantes da Igreja e de outras entidades que afirmam que as obras só irão beneficiar o agronegócio e grandes grupos de especulação financeira internacional.
Entretanto, não é só no nosso Semi-árido que a água deixa de cumprir (ou cumpre com dificuldade) sua função social. Em Itabuna e demais cidades da região cacaueira, a qualidade da água para o consumo humano vem deixando de cumprir sua função social, em decorrência de contaminação pela ausência de saneamento básico, que compromete a saúde do ser humano. Como o milagre da transposição não está no contexto da geografia sulbaiana, é preciso pensar numa solução de curto prazo, para que não permaneçamos sem água na maioria dos lares itabunenses, enquanto não se investe, pesadamente, na coleta e tratamento de esgotos. Até já nos habituamos a ouvir discursos enérgicos de políticos de diversas correntes ideológicas e neuróticas em defesa dos nossos rios sulbaianos. De vez em quando aparecem técnicos do DNOCS e de muitos outros órgãos governamentais e nos enchem de expectativas que resultam em patavinas. De promessas de revitalização, o Rio Cachoeira nunca secará! O que está se esvaindo é a esperança dos itabunenses, de que haja interesse dos governos Wagner e Lula em não deixar que o rio que atravessar Itabuna acabe se transformando num esgoto a céu aberto. Até agora, nem a desamparada e morimbunda “Ilha do Jegue” consegue ser vista por quem quer seja responsável em enxergar que Itabuna é cortada ao meio, por um grande e largo rio menosprezado e agonizante!
Alguém tem que lembrar isso para Lula e Wagner!
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